“Declara-se nulo e de nenhum efeito todo o processado a partir da petição inicial”, foi desta forma que o Tribunal de Vila Real conclui o relatório do processo de arresto do Hotel do Parque, apresentado no início deste mês e ao qual o Nosso Jornal teve acesso.
No mesmo documento, o tribunal justifica a anulação do processo cautelar, encetado em Abril de 2008, declarando a “nulidade da citação edital da ré”, a empresa Fernandes e Bragança, envolvida na aquisição do edifício devoluto para a construção de uma unidade de saúde privada.
Na altura em que foi fixada na estrutura de protecção do edifício inacabado as notificações revelando que “o imóvel está arrestado pela empresa Mercadomus – Mediação Imobiliária, Lda, por ordem do tribunal”, em meados do ano passado, Manuel Martins, presidente da Câmara Municipal de Vila Real, garantiu desde logo que estaria já “arrumada a parte formal” da questão e que o projecto iria prosseguir.
Na mesma altura, início de Agosto, o autarca avançou com uma nova previsão para o início da requalificação do edifício, o mês de Setembro, no entanto, até à data, não se verificaram quaisquer trabalhos no esqueleto com quase três décadas de existência.
O último passo será a ‘luz verde’ do projecto por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N) que já se pronunciou negativamente sobre uma primeira proposta e que em breve deverá voltar a analisar o projecto reformulado.
Fonte da Câmara Municipal de Vila Real garantiu, ao Nosso Jornal, que “em breve” a autarquia terá boas notícias a dar sobre o arranque das obras.
No ‘Hotel do Parque’ deverá ser construído um Hospital Privado, mais exactamente um bloco de residências medicalizadas, apoiado por um parque de estacionamento com 140 lugares, projecto da responsabilidade do Hospital da Trofa e do Grupo Existence.
De recordar que a sociedade gestora de fundos imobiliários, Fundbox SGFIL, SA anunciou, no início de Junho de 2008, a constituição de dois fundos de investimento, de 13 milhões euros, de capitais próprios vocacionado para investir na promoção de residências assistidas/medicalizadas e unidades de cuidados continuados, entre as quais está o projecto de transformação do Hotel do Parque.
A Fundbox lançou os dois fundos de investimento imobiliário fechados, denominados “Atlântida” e “Lusitânia”, com capitais iniciais de 5 e 8 milhões de euros, respectivamente, um dos quais destinado à criação da residência assistida vila–realense e outro direccionado para um projecto previsto para Portimão.
Situado na Avenida 1.º de Maio, o Hotel do Parque conta, na sua história, com episódios que envolveram a hipótese de demolição, a sua reconversão num edifício de habitação e escritórios, a sua vertente de abrigo a toxicodependentes e, mesmo, o assassinato de um dos herdeiros, residente no Brasil, o que levou, na altura, ao retrocesso nas negociações entre os proprietários e possíveis compradores.