“Todavia, a crueldade dos números indica-nos que as reservas estão muito fracas no alojamento tradicional. Na maior parte dos casos, as reservas não chegam a 20%”, afirmou o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) Luís Pedro Martins.
Em entrevista à agência Lusa, o responsável disse que as perspetivas para a época de Natal e de Passagem de Ano “ainda são muito tímidas”.
“Houve dificuldade em preparar este período, o que se explica por todo o clima de incerteza em que vivemos. O próprio turista esteve e ainda está indeciso porque espera a evolução da situação da pandemia e as medidas que vão sendo tomadas pelas entidades competentes”, salientou.
Luís Pedro Martins disse estar convencido que as reservas para este período de festas que se aproxima “serão feitas muito em cima das datas”.
“Este ano mais do que nunca. Contudo, não vamos deitar a toalha ao chão e estamos a reforçar a nossa promoção no mercado nacional, espanhol e internacional de maior proximidade através da derivação da campanha ‘O Norte lá em Cima!’ que lançamos no verão e contribuiu para atenuar a baixa da procura”, afirmou.
O responsável disse que se prevê que se “sinta alguma melhoria, embora muito modesta nestes dias festivos, tendo como referência o mês de novembro e a primeira metade de dezembro”.
“Naturalmente que está muito longe do que precisamos. O que sentimos é que o setor da hotelaria e do turismo que manteve as suas empresas a funcionar está a mobilizar-se para atrair a atenção da procura. Estamos muito gratos a esses empresários que não desistem”, frisou.
As associações do setor avançaram com previsões de encerramento na ordem dos 40% em toda a região. Por exemplo, atualmente, são cerca de 40 os empreendimentos turísticos encerrados na cidade do Porto de um total de mais de 120.
“Pela proximidade da data temos sentido interesse pela procura de alojamento e experiências para o Natal, principalmente na procura de apartamentos turísticos na cidade do Porto”, referiu o responsável.
Adiantou ainda que, no acolhimento não presencial através do chat ‘online’, a entidade regional tem sido abordada por turistas que pretendem saber o que podem visitar no destino, caso decidam viajar até ao Norte, e quais as medidas a adotar, uma vez que vão passar o Natal em casa de familiares e, na sua maioria, pretendem saber as medidas que têm a cumprir.
“Temos também recebido alguns pedidos de alojamento para a semana do Natal, entre 22 e 27 de dezembro, e para a semana da Passagem de Ano, entre 30 de dezembro a 04 de janeiro”, acrescentou.
Questionado sobre as regiões que possam vir a receber mais procura, Luís Pedro Martins referiu ainda não possuir “dados suficientes” para responder com a “assertividade necessária”, contudo, lembrou que a pandemia aumentou a procura de lugares e destinos de território de baixa densidade, o que “favorecerá sub-regiões como o Douro, Trás-os-Montes e Minho”.
E, neste ano marcado pela covid-19, Luís Pedro Martins considerou que “seguramente, todas as regiões registarão quebras históricas e, portanto, o Norte não será exceção”.
“Mas só no final da operação será possível ter uma noção exata da percentagem de queda”, frisou.
O presidente da TPNP disse ainda temer que “mais pessoas percam o seu rendimento e consequentemente a sua qualidade de vida pela ausência tão prolongada dos recursos que advêm da atividade turística”.
“Lembramos que esta altura de Natal e Fim de Ano é a última oportunidade de algum rendimento antes da próxima época alta que, potencialmente, só acontecerá daqui a mais de quatro meses. Neste momento, é para nós importante salvar o que for possível salvar e pensar já na retoma, para estarmos preparados para o regresso dos turistas, que certamente não se vão esquecer do país – e da região em particular – quando tudo isto passar ou, pelo menos, atenuar consideravelmente”, sublinhou.