A bebé, com dois meses, nasceu com uma atrofia muscular espinhal (AME), doença que afeta todos os músculos do corpo e causa perda de força, atrofia muscular, paralisia progressiva e perda de capacidades motoras, sendo que esta doença é do “tipo 1”, que é a mais grave. Em Portugal a doença afeta cerca de 110 pessoas, sendo a grande maioria crianças.
Os pais, ao terem conhecimento do diagnóstico, lançaram uma campanha mediática que visava angariar os mais de 2 milhões de euros para que rapidamente pudessem adquirir o medicamento “milagroso”, de nome “Zolgensma”, e salvar a pequena Matilde.
Ao pedido dos pais, os Portugueses responderam, uma vez mais, em massa e cerca de uma semana (assim que o caso passou para a esfera mediática) foi o tempo necessário para angariar o valor e descansar a família. A resposta foi massiva em circunstância da onda de solidariedade gerada e com um resultado notável. É fácil de imaginar o alívio dos pais e da família, bem como a surpresa de angariação ter acontecido em tempo recorde.
Não é todos os dias que um assunto “milhões” tem um caráter tão nobre, tudo muda ao lermos e ouvirmos falar de “120 milhões” para venda (ou compra) de um jogador de futebol, e percebemos que algo não está bem. Os milhões do futebol (ou outro desporto com movimentações astronómicas), não apareceram (que se saiba) para salvar uma bebé que precisava urgentemente de 2ME.
Quando a dicotomia dos milhões se nos depara desta forma, em que planeta vivemos?