Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2025
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Agostinho Chaves
Agostinho Chaves
Trata o jornalismo por tu. Colabora com a VTM há mais de 25 anos. Foi Diretor entre 2014 e 2019. Passou por meios de comunicação nacionais, como o Comércio do Porto e a Rádio Renascença.

Uma porta fechada e uma cama aberta

O sentido do jornalismo alterou-se, profundamente, nos nossos dias, esquecendo os seus “cultores” a importância que tem, as responsabilidades que encerra, a clarividência que deve ser seu apanágio e o que de mais exige o processo informativo, se considerarmos que este, para além de um conteúdo de verdade, também deve ter sintomas de afeto para quem lê, ouve ou vê.

O jornalismo que se faz em Portugal está um “caco”. Sobretudo o televisivo.

O sistema de formação que existe tem feito de criaturas pouco habilitadas um naipe de entrevistadores que ataca as pessoas na rua, metendo-lhes o microfone à frente, de modo despudorado, ou comentando factos com zero ideias. 

O que acontece com os canais televisivos (mesmo com o canal público) com o caso do Cristiano Ronaldo ou com a detenção de Bruno de Carvalho é inadmissível. Viola todas as regras do jornalismo honesto e até a lei geral do jornalismo (que a há, embora possa parecer que não). Não se compreende como é possível referir exaustivamente (um massacre!) as mesmas notícias, os mesmos comentários, as mesmas imagens vezes sem fim, dias e dias seguidos, sem acrescentar o que quer que seja em relação ao assunto tratado. Não se compreende que o jornalismo viva de lavar o cérebro das pessoas. Não se compreende que jornalismo é este quando uma câmara aponta para uma porta fechada, horas a fio, sem se mexer, esperando que alguém saia por ela ou, durante horas, dias, semanas, um canal se orgulhe do seu “exclusivo” de filmar uma cama e uma casa de banho de um hotel, onde Ronaldo terá dormido uma noite, com alguém, há 9 anos.

Já se chamou a este jornalismo “de faca e alguidar” jornalismo “de sargeta”. Receio que a sargeta jamais seja limpa e os detritos dentro dela se acumulem cada vez mais.

Nota – Como é evidente, todas as regras têm exceções. Ainda há gente limpa no jornalismo. Sabedora, competente. Que sabe separar o trigo do joio. Que não aceita que o jornalismo se confunda com as mistelas das redes sociais que estão injetadas de “fake news”.

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