Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) entregou, ontem, ao Governador Civil de Vila Real, no âmbito de um protesto nacional, um cheque no valor de 98,60 euros, que corresponde ao montante que os estudantes bolseiros vão receber da tutela, enquanto não são apresentadas as normas técnicas e estabelecido o valor real dos apoios aos alunos mais carenciados.
Os estudantes reclamam o atraso na apresentação do novo regimento de atribuição de bolsas aos estudantes, por isso, sarcasticamente, os dirigentes associativos entregam os cheques aos representantes do Governo nos distritos com o objectivo de comparticipar o pagamento “das horas extras de trabalho do ministro do Ensino Superior e do director da Direcção Geral do Ensino Superior, para que possam, dessa forma, finalizar o regulamento pelo qual os estudantes desesperam”.
“Achamos fundamental que essas normas saiam quanto antes”, explicou Luís de Matos, presidente da AAUTAD, referindo que foi ainda entregue uma proposta de regras técnicas, um documento onde está bem patente a “consciência do momento de crise em que vive o país”.
O dirigente associativo reconhece as dificuldades actuais, no entanto defende que “nenhum estudante deve deixar de frequentar o ensino superior por falta de apoios da Acção Social”.
Num universo de pouco mais de seis mil alunos, a UTAD conta actualmente com perto de 2400 estudantes com direito a bolsa, dos quais metade representa novos alunos que se candidataram pela primeira vez à benesse social. Se no caso dos alunos que já mereceram bolsa no ano passado o Governo já assumiu o compromisso de pagar o apoio até amanhã, para os novos estudantes ainda não há garantias. “Em anos anteriores os caloiros tiveram que esperar até ao segundo semestre. Neste momento, não permitimos que o atraso se prolongue até ao próximo ano, porque as bolsas são mais necessárias é a agora, no início do ano lectivo”, quando os alunos têm que investir em materiais escolares e livros, por exemplo.
Não é possível saber o número de alunos que já desistiu do ensino superior na UTAD por questões financeiras, “porque normalmente eles têm vergonha e dão outras justificações”, no entanto, Luís de Matos lembra que muitos são obrigados a trabalhar em part-time ou mesmo em full-time, colocando em segundo plano os seus deveres e direitos enquanto universitários.