A facilidade com que hoje se diz que “O Douro está na moda!” quase nos faz esquecer a todos nós, agentes políticos e população em geral, de que vivemos num território do Interior, numa das regiões mais desfavorecidas do país em diversos domínios, sobretudo ao nível da falta de estratégia coletiva e nacional.
A nossa região é, nos dias de hoje, um dos destinos mais procurados a nível mundial. É um dos locais mais belos e imponentes, Património Mundial da Humanidade, e que a todos nós envaidece.
Porém, nem tudo são rosas, e esta moda, como todas, poderá ser passageira caso não sejamos capazes de acautelar o futuro retirando os devidos dividendos do presente. Esta é a nossa missão, Poder Local! Esta terá de ser, também, a missão do Poder Central, que tem um papel preponderante em todo este processo já que é dele a responsabilidade de definir o posicionamento do Douro na estratégia nacional de desenvolvimento para o país. Ora, a avaliar pelas opções que têm vindo a ser tomadas, sou obrigado a reconhecer que o Douro não está a ser tido em conta.
Infelizmente, o Poder Central continua a dar primazia a políticas de investimento que acentuam ainda mais a litoralização do país, tomando-se medidas que em nada favorecem a coesão territorial, levando à perda de atratividade empresarial e de investimentos, à fuga de pessoas e a um acelerado processo de desertificação.
A questão da ferrovia é, talvez, a mais sintomática, com a região a perder a oportunidade de estabelecer ligação efetiva a Espanha e à restante Europa, com tudo o que de negativo daí advém.
O tão apregoado Plano Nacional de Valorização do Interior não é mais do que um conjunto de boas intenções apressadas e pouco consolidadas do ponto de vista prático. Sinceramente gostaria de ver um plano diferente. Um plano assente em grandes opções estratégicas, como a aposta em vias de comunicação alternativas e mais eficientes, sobretudo ao nível das ligações comerciais. A aposta na qualificação das nossas populações, a valorização do território com a implementação de medidas de discriminação positiva ao nível da fiscalidade e, finalmente, uma aposta numa verdadeira política de transferência de poder para as regiões com a concretização da regionalização.