Vila Real é, de longe, o distrito com maior número de incêndios florestais do país, revela o Relatório Provisório da Autoridade Florestal Nacional (AFN), que contabiliza um total de 916 incêndios florestais e quase 13 mil hectares de área ardida no distrito transmontano.
O relatório, recentemente apresentado e que engloba a informação estatística sobre áreas ardidas e incêndios no período compreendido entre 1 de Janeiro e 31 de Outubro, ou seja, nas fases Alfa, Bravo, Charlie e Delta, relata, a nível nacional, contabiliza “25.318 ocorrências (5.163 incêndios florestais e 20.155 fogachos) que resultaram em 70.193 hectares destruídos, entre povoamentos (20.161 hectares) e matos (50.032 hectares)”.
Apesar de revelar que “o maior número de ocorrências se encontra no distrito do Porto, sendo que das 6.482 ocorrências registadas, 5.804 (90 por cento) correspondem a fogachos, afectando áreas inferiores a um hectare”, o documento indica que “Vila Real mantém-se como aquele onde se regista o número mais elevado de incêndios florestais (916)”. Nesse aspecto, apenas Braga (749) e Porto (678) se aproximam do valor registado no distrito vila-realense.
Também no que diz respeito ao total de área ardida Vila Real vai ‘à frente’ do ranking, somando perto de 13 mil hectares, um valor que fica muito acima dos 10.579 registados em Bragança e dos 10.993 da Guarda, distritos que ocupam assim a segunda e terceira posições entre os mais fustigados pelas chamas.
Apesar de estar no ‘top três’ dos distritos com maior área ardida desde o início do ano e até o final de Outubro, Bragança situa-se na oitava posição quando se fala no número total de ocorrências (incêndios e fogachos), registando apenas 992.
De recordar que, segundo dados do Comando Operacional Distrital de Vila Real, só nos primeiros 18 dias de Outubro o distrito contou uma média superior a 30 incêndios por dia e uma área ardida maior que a registada desde o início do ano.
As condições climatéricas atípicas para aquela altura do ano e a despreocupação das populações relativamente à proibição da utilização do fogo em actividades agrícolas são algumas questões que estiveram na base do aumento drástico nos números dos incêndios florestais no mês passado.
Carlos Silva, Comandante Operacional Distrital de Vila Real, revelou, na altura ao Nosso Jornal, que houve dias em Outubro em que os bombeiros foram chamados a combater mais entre 50 incêndios, “o que não acontece nem no Verão”.
“É um ano completamente atípico. O que aconteceu foi que houve um prolongamento das condições meteorológicas desfavoráveis para os primeiros 15 dias de Outubro, uma situação anormal”, explicou então o comandante distrital, lembrando que a situação obrigou mesmo a Autoridade Nacional de Protecção Civil a alargar a denominada Fase Charlie para o dia 15 de Outubro, e depois, novamente, para ao final do mês.