O Vila Real recebeu e venceu o líder do campeonato, o Tirsense. Num jogo equilibrado, foi mais feliz a equipa da casa que conseguiu marcar, através de uma grande penalidade, já a meio da segunda parte. Apesar do futuro não se vislumbrar fácil, com estes três pontos a equipa renasce e acalenta alguma esperança na manutenção.
Num jogo entre duas equipas que lutam por objectivos bem distintos, no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão, a diferença entre Tirsense e Vila Real não se fez notar em campo. Aliás, o Vila Real tem uma equipa talhada para os grandes jogos com equipas de maior poderio, conseguindo melhores resultados perante equipas teoricamente mais difíceis.
Zeca Lopes fez regressar aos convocados Luís Alves e colocou uma frente atacante arrojada, com Maniche e Ricardo, apoiados, nas alas, por Kalá e Ruben. Apesar de o Vila Real tentar preencher todos os espaços no centro do terreno, os forasteiros, com um estilo muito próprio, foram mais perigosos e rematadores, nos primeiros minutos do encontro. As bolas ganhas no meio-campo eram, de imediato, colocadas nas laterais, onde os extremos, muito velozes, ganhavam na linha de fundo e colocavam na área, onde aparecia sempre alguém pronto a rematar. Num desses lances, Tiago elevou-se, perante os centrais, e cabeceou, com perigo. Na jogada seguinte, uma perdida incrível dos homens de negro. Hugo Oliveira apareceu completamente isolado, perante Vieira, que conseguiu aliviar o remate, com os pés, enquanto toda a equipa reclamava, por posição irregular do avançado de Santo Tirso. Perto dos 20 minutos, mais uma boa ocasião para o líder. Alcino cobrou um livre, na esquerda, a bola saltou à frente de Vieira que conseguiu o desvio, pela linha de fundo. Atento, o jovem guarda-redes da casa.
Apesar destes lances, com algum perigo, junto da baliza transmontana, o Vila Real não se sentiu intimidado e também teve as suas oportunidades. Numa boa jogada de entendimento do colectivo, Ruben desferiu um potente remate, mas a bola acabou por sair a rasar a barra.
Antes do intervalo, os vila- -realenses fizeram duas alterações forçadas, com as lesões Filipe e Palmeira. Entraram, para os seus lugares, Caniggia e Sandro. Uma contrariedade para a equipa da casa que, assim, se via muito cedo condicionada, no caso de necessitar fazer alterações no esquema táctico.
Com o nulo verificado ao intervalo, o técnico Quim Machado deveria ter dado um grande “puxão de orelhas” aos seus jogadores. Apesar de ter mantido o mesmo onze, o Tirsense entrou com muita vontade de marcar, mas nem sempre com a clarividência de uma equipa líder e que aspira à subida de divisão. Decorria o minuto 48, quando Vieira negou o golo ao avançado visitante. Grande estirada do guarda-redes da casa, a desviar, pela linha de fundo. Na jogada seguinte, foi, de novo, o Tirsense a criar perigo. Desta vez, Hugo Cruz encheu o pé, mas Vieira conseguiu, com um pequeno toque, desviar a bola da sua baliza.
Perto dos 60 minutos, o Vila Real equilibrou e colocou, mesmo, a bola dentro da baliza de Matos. Mas o árbitro anulou o lance, por suposta infracção de Danilo, sobre o guarda-redes.
A jogar mais na expectativa e em contra-ataque, o Vila Real conseguiu algumas boas oportunidades, junto da baliza contrária. Kalá, em velocidade, ultrapassou o adversário, colocou em Ricardo, este optou pelo remate, quando poderia ter dado a Lemos que estava mais bem posicionado para alvejar a baliza de Matos.
Ao minuto 76, Lemos foi derrubado, por Hugo Cruz, dentro da área. O árbitro, perto do lance, não teve dúvidas em assinalar o castigo máximo. Na conversão, o mesmo Lemos, com muita calma, marcou o único golo do encontro, atira para um lado e o guarda-redes indo para o outro. Pouco minutos volvidos, grande ocasião para os transmontanos ampliarem a vantagem. Filipe Lemos, com mestria, ultrapassou vários adversários, isolou Maniche que não conseguiu desfeitear o guarda-redes Matos. Este defendeu, com as pernas, a bola ficou em Kalá que estava completamente solto, mas não teve a serenidade suficiente para alvejar, com êxito, a baliza, atirando para as nuvens.
Até ao final, o Tirsense tentou chegar ao empate, através de bolas bombeadas para a área transmontana que, com maior ou menor dificuldade, conseguiu segurar a vitória e alcançar os três merecidos pontos.
A equipa de arbitragem, vinda de Coimbra, cometeu alguns erros que prejudicaram ambas as equipas, mas o seu trabalho não teve influência no resultado final.
Márcia Fernandes
ZECA LOPES, treinador do VILA REAL
“Temos uma luzinha ao fundo do túnel”
O técnico vila-realense acredita que ainda é possível o “milagre” da manutenção, apesar dos poucos jogos que faltam para o término do campeonato.
“Esta vitória vem avivar a nossa memória e, agora, temos que continuar a trabalhar, para conseguirmos vencer os jogos que faltam. Temos, novamente, uma luzinha ao fundo do túnel e resta-nos trabalhar, até à exaustão, para ver se conseguimos manter o Vila Real. Quanto ao jogo, o Tirsense apresentou-se muito bem, entrou a pressionar e criou-nos algumas dificuldades. No entanto, o Vila Real conseguiu ripostar muito bem e, até, em grande parte do jogo, foi a melhor equipa em campo. Mostrou qualidade e vontade de vencer este jogo que já esperava ir ser muito difícil. Agora, faltam-nos cinco finais que temos que vencer. Vamos ser realistas, mas, com sacrifício e vontade, vamos tentar ganhar que é única hipótese que temos, para nos salvarmos da despromoção”.
QUIM MACHADO, treinador do TIRSENSE
“Fomos a melhor equipa em campo”
Visivelmente mal disposto, no final do encontro, Quim Machado foi parco em palavras.
“Num lance em que não me parece que tenha havido falta do meu jogador, o árbitro viu uma grande penalidade. Este lance acabou por ser decisivo. Fomos claramente a melhor equipa e merecíamos ter ganhado este jogo. Hoje, a equipa do Vila Real teve muita sorte e acabou por vencer, de forma injusta. Por tudo o que fizemos, pelas muitas oportunidades criadas, merecíamos, unicamente, a vitória”.
FICHA TÉCNICA
Jogo disputado no Complexo Desportivo do Monte da Forca, em Vila Real.
Árbitro: José Pedro Laranjeira.
Auxiliares: Paulo Santos e Hélder Medeiros.
VILA REAL – Vieira; Palmeira (Sandro, 38’), Danilo, Igor e Filipe (Caniggia, 37’); Vitó, Ruben, Lemos e Ricardo (Luís Alves, 79’); Maniche e Kalá.
Suplentes não utilizados: Jorge, Braima, Zeferino e Olivier.
Treinador: Zeca Lopes.
TIRSENSE – Matos; Hugo Cruz, Paulo Sampaio, Marco Louçano e Hugo Oliveira; Tiago (Pedro Fontes, 73’), Alcino (Ricardo Rocha, 82’), Queirós e Zé Manuel; Manuel Luís e Vilaça (Zé Pedro, 79’).
Suplentes não utilizados: Sérgio, Sílvio, Pinto e Gil.
Treinador: Quim Machado.
Cartões amarelos: Hugo Cruz (76’), Luís Alves (82’), Vitó (84’), Vieira (90’), Danilo (96’).
Ao intervalo: 0-0.
Marcador: Filipe Lemos (76’, de g.p.).