Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024
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Violência doméstica e outros males

1 – Ultimamente têm os meios de comunicação social falado muito de casos violência doméstica informando que o seu número vem a crescer. A esses números e factos dolorosos convém acrescentar outros que o Instituto Nacional de Estatística recentemente publicou relativos ao ano de 2008. Nele se pode verificar que globalmente os casamentos civis aumentaram e superaram os casamentos católicos, ainda que com diferenças acentuadas entre os distritos; que aumentou o número de crianças nascidas fora do matrimónio; que aumentou o número de divórcios. O registo de números é fácil e é útil. A leitura desses números é mais delicada, e mais delicado ainda é fazer o cruzamento de todos esses factos.

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Sobre o casamento, por exemplo, uma série de perguntas se pode formular: os noivos que fizeram o casamento civil eram solteiros ou já eram divorciados (um deles ou ambos)? E esses divorciadas que tipo de casamento haviam contraído anteriormente? Poderiam ter optado por outro casamento que não fosse civil? E esses casamentos foram mesmo para constituir família ou meros expedientes para resolver outras questões, v.g., poder emigrar, chamar alguém do estrangeiro, facilitar contratos de outra natureza? Não haverá casamentos civis registados que não conduziram à vida em comum e foram seguidos de divórcio no mesmo ano, e outros que foram seguidos de casamento católico?

Sobre os filhos, seria ainda conveniente saber a idade em que os casados começaram a procriar e porquê. As crianças nascidas fora do matrimónio, nasceram de mulher solteira ou viúva ou divorciada? Ao número de crianças nascidas fora do casamento poderiam juntar-se as crianças oriundas da fecundação artificial heteróloga que são, de facto, extra conjugais, ainda que cobertas pelo mesmo tecto.

Outra pergunta poderia versar sobre a causa da agressão a mulheres casadas católica ou civilmente, a divorciadas ou separadas, quais foram aquelas que foram agredidas pelos companheiros oficiais das uniões de facto, e ainda as mulheres solteiras de vida normal ou rameiras agredidas por homens de ocasião.

Muitas mais perguntas se poderiam fazer à descida da natalidade e comparar com o número dos abortos oficiais (mais ou menos escondidos) e os considerados clandestinos.

2 – Sentimos doer a cabeça ao fazer estas perguntas e ver o xadrez desenhado, mas a verdade é que todos estes factos andam interligados. É comum a eles todos uma vida sexual descontrolada, à maneira de um rio de água descontrolado que rebenta e intoxica os canais de rega, as nascentes originais e secundárias, os rios e as piscinas, as fontes e os jardins, as casas particulares e as estruturas oficiais.

O menos que se pode dizer é que a vida sexual é uma realidade humana poderosíssima e foi sempre difícil de controlar, e pode definir inclusivamente o tipo de cultura dos povos: monogamia e poligamia, matriarcado e patriarcado, o tipo de família, o estatuto da mulher, a pedofilia e a moderna pederastia diferente da clássica, o fabionismo e outras aberrações. A legislação sobre o comportamento sexual ocupou sempre um lugar delicado nos códigos sociais. Ultimamente, após o Maio de 1968, quis criar-se um mundo novo, liberto de tabus. Aí está o fruto dessa sementeira feita há décadas, concretizada nos direitos da saúde reprodutiva, no planeamento familiar internacional imposto pelos governos com o apoio das indústrias farmacêuticas e a difusão dos anticonceptivos entre os novos, na liberdade das discotecas e no turismo sexy. E também se percebe a razão da linguagem agressiva contra a Igreja sempre que ela publica algum documento sobre esta temática.

Curiosa e paradoxalmente, nos jornais que informam da profunda alteração dos costumes em matéria sexual (incluindo casos de clérigos), vem o ataque ao celibato eclesiástico, o anúncio comercial de excitantes afrodisíacos masculinos e femininos, de toda a panóplia de artigos eróticos, de rameiras de serviço, e, frequentemente, referências às orientações legais sobre a educação sexual escolar que, afinal, se reduz a ensinar aos jovens e adolescentes as técnicas anti gravidez e abortiva. Cai-se numa contradição gritante: por um lado, defende-se a quase total liberdade sexual, até com incentivos a adultos e adolescentes, banaliza-se o divórcio como se fez recentemente entre nós abolindo o divórcio litigioso, facilita-se o aborto e a fecundação artificial, tenta-se inclusivamente o casamento de pessoas do mesmo sexo e a adopção de crianças por tais pessoas, e, ao mesmo tempo, lamenta-se a violência sexual, a descida da natalidade, o aumento dos nascimentos fora do casamento, da prostituição e seus derivados.

Em matéria sexual, nota- -se nos responsáveis governamentais e nos criadores da opinião pública uma cultura jurídica, científica e escolar desvinculada de critérios antropológicos amadurecidos e uma desconexão interna dos vários sectores da governação. O que aflige não são, pois, casos isolados que sempre houve e haverá. O que assusta é uma espécie de perda do paradigma humano da sexualidade.

É indispensável que os pais, mormente os pais cristãos e outros educadores, os movimentos de apostolado dedicados à educação dos jovens e dos noivos não desanimem perante o descalabro nem se intimidem perante a arrogância do mundo, mas continuem a transmitir aos filhos e aos jovens os critérios de comportamento que receberam da sabedoria humana e cristã.

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