Depois da vitória difícil, em Montalegre, a equipa do Vila Real fechou o ano da melhor forma, com mais uma vitória, desta vez frente ao Murça. Vitória que a equipa sob o comando de Paulo Martins ‘vendeu’ muito caro, uma vez que, no decorrer do segundo tempo, foi claramente superior ao líder destacado deste campeonato. O resultado poderia ter sido outro, se os homens de Murça conseguissem concretizar as várias oportunidades de que desfrutaram, no segundo período.
Com bastante frio, no Monte da Forca, o público só com o golo de Palhares conseguiu aquecer um pouco, visto que a primeira parte foi parca em oportunidades flagrantes de golo. Aliás, os guarda-redes tiveram uma 1.ª parte muito calma e tranquila, com a bola a circular longe das suas balizas. Apesar do maior domínio dos visitados, os lances de perigo foram uma raridade. Apenas uma nota para o pontapé feliz de Palhares, aos 25 minutos, o qual deu mais três pontos aos “alvi-negros” que, desta forma, cavaram ainda mais o fosso para os perseguidores mais directos, o Régua e o Alijoense.
No segundo tempo, o Murça veio com outro espírito e começou a acreditar que era possível alterar o rumo dos acontecimentos. O Vila Real, com muitos passes falhados, não conseguia explanar o seu futebol, fruto de algum individualismo que acabava por ser travado na defensiva murcense, sempre atenta aos homens mais influentes do ataque vila-realense.
Aos 66 minutos, verificou-se a primeira grande oportunidade para os forasteiros. Cleto cruzou, Peixoto ainda tentou o corte, mas a bola ressaltou para Bino que rematou, para o desvio de Carlos. Na sequência da jogada, Gil desferiu um potente remate que colocou à prova os reflexos de Carlos, a desviar, de novo, pela linha final. Era, claramente, o melhor período do Murça, com inúmeras ocasiões para chegar ao tento do empate. Volvidos poucos minutos, Armando teve uma perdida incrível. O recém-entrado Fábio André teve um excelente trabalho na direita, colocou em Armando que apareceu solto na área e, já com Carlos no chão, rematou, por cima do travessão. Muito nervosismo, na hora de alvejar a baliza “alvi-negra”.
Apesar de algumas alterações, operadas pelo técnico da casa, o meio-campo vila-realense não conseguia transpor a bola da defesa para o ataque e, assim, os visitantes espreitavam as brechas do adversário, para criar perigo e tentar o golo da igualdade. Golo que poderia ter surgido, aos 80 minutos, mas, desta vez, Peixoto antecipou-se ao avançado murcense. Cinco minutos volvidos, de novo o perigo a rondar as hostes visitadas. Houve uma grande confusão na área e o remate acabou por ser travado pela perna de um defesa da casa. O jogo caminhava para o seu final e o Vila Real conseguia, com muita dificuldade e sofrimento, alcançar mais três pontos e assim destacar-se, ainda mais, no comando da tabela.
O Murça merecia mais, pela determinação e empenho demonstrados no segundo tempo, mas não conseguiu materializar em golos as ocasiões criadas.
Luís Pimentel, treinador do Vila Real
“Foi uma vitória sofrida”
Mais satisfeito com a vitória do que com a exibição, Luís Pimentel salientou a responsabilidade dos seus jogadores em ter que ganhar todos os jogos, o que torna enorme a pressão sobre a equipa.
“Entrámos bem na 1.ª parte, fizemos um golo, mas poderíamos ter feito mais um. Na segunda parte, acusámos a ansiedade de ter que ganhar. Mostrámos medo de não conseguir vencer. Sabíamos que a vitória era muito importante para nós, pois vamos ter duas deslocações fora e era preponderante conseguirmos os três pontos. Não tínhamos margem para errar e houve uma pressão maior sobre a equipa. Não houve a concentração necessária no último passe e isso cortou a dinâmica da própria equipa. Foi uma vitória sofrida, mas uma vitória justa da equipa que mais fez para ganhar”.
Para 2008, o técnico alvi-negro promete que a equipa vai tentar dar continuidade a esta senda vitoriosa. “Sabemos que não é fácil em treze jogos conseguir doze vitórias e apenas um empate, mas vamos continuar a trabalhar com este espírito vencedor”.
Paulo Martins, treinador do Murça
“Tentámos procurar a vitória”
“Sabíamos que tínhamos pela frente um jogo muito difícil, porque o Vila Real tem uma equipa recheada de bons jogadores. Tentámos montar uma estratégia para fazer um bom jogo e um bom resultado que passava, obviamente, pela vitória. Ficou bem demonstrado para quem viu este jogo, que a equipa do Murça esteve em campo à procura da vitória. Conseguimos o mais difícil que foi criar inúmeras ocasiões para marcar, mas faltou-nos concentração na hora de finalizar”.
Para 2008, o técnico murcense promete fazer mais exibições como a apresentada pela equipa no Monte da Forca, mas que o resultado seja outro. “Vamos ter um Murça com esta atitude e com esta vontade de vencer em todos os jogos”.
Márcia Fernandes
FICHA TÉCNICA
Jogo disputado no Complexo Desportivo do Monte da Forca, em Vila Real.
Árbitro: José Pinto.
Auxiliares: António Coelho e Diogo Mesquita.
VILA REAL – Carlos; Miguel, Fredy (Filipe, 83’), Zé Monteiro e Peixoto; Leirós, Fraguito, Castanha e Gabriel (Pedro Alves, 64’); Nuno Meia e Palhares (Ernesto, 74’).
Suplentes não-utilizados: Vieira, Conceição e Norberto.
Treinador: Luís Pimentel.
MURÇA – Rui Sousa; Topinha, Leonardo, Gil e Gordilho; Fafe (Fábio André, 72’), Bino (Loureiro, 80’), Arménio (Teixeira, 90’) e Sapi; Armando e Cleto.
Suplentes não-utilizados: Sérgio, Nelson, João e André.
Treinador: Paulo Martins.
Cartões amarelos: Gordilho (38’), Palhares (38’), Castanha (43’), Fredy (50’), Bino (58’), Topinha (60’), Leirós (62’), Armando (79’), Loureiro (90’) e Carlos (90+4’).
Ao intervalo: 1-0.
Marcador: Palhares (25’).