Mais uma vítima da pandemia que nos trouxe o ano de 2020. Não foi uma surpresa absoluta, pois fomos acompanhando o teu padecimento, no Centro Hospitalar de Vila Real. Porém, como a esperança é a última a morrer, aguardávamos que isso não acontecesse. Mas aconteceu.
Nem tivemos ocasião, para nos despedir. Na verdade, tu Zé, foste sempre um homem irrequieto, e neste fatídico momento, não deixaste de o ser. Não tivemos, nós os teus amigos, a oportunidade de nos despedirmos de ti.
Um dia, se a nossa fé não é letra morta, teremos ocasião de nos reencontrar, para acertarmos estas contas. Até lá, resta-nos apenas a saudade.
A saudade, de um homem, nascido em Vila Real, de uma família do mesmo apelido e da mesma profissão, a advocacia. Um homem que eu pessoalmente, quando Presidente da Câmara desta cidade, fui encontrar, ocasionalmente, como assessor jurídico, no Ministério da Administração Interna, de que era titular o Dr. Ângelo Correia, aí pelo ano de 1981. Ocasião em que, evocando o nome da família, o desafiei, a regressar à nossa cidade, para aqui exercer a profissão de seu pai, cujo escritório estava vago.
Desafio aceite e, percebendo que a sua experiência no ministério que tutelava as autarquias locais poderia ser uma mais valia, para quem guiava a câmara municipal, não surpreenderá que tivesse passado a colaborar como assessor jurídico. Quem o conheceu, sabe, que a sua sólida formação jurídica e um sentido muito apurado das funções das autarquias locais, capacitaram-no para o exercício da função, que todos nós, os “eleitos locais”, pudemos testemunhar ao longo dos muitos anos que levamos de cumplicidade.
De tal sorte, que o Zé Aguilar tivesse passado a ser o consultor jurídico, de grande parte das autarquias da região, como é sabido. Pessoalmente agradeço-lhe esta ajuda preciosa, no exercício dos meus vários mandatos, e posso afirmar, que o seu conselho avisado, contribuiu em muito para o saldo positivo que me é creditado. Muito obrigado Zé Aguilar.
O teu desaparecimento inesperado deixa, nos teus muitos amigos, um sentimento de profunda tristeza. Na tua informalidade eras único na nossa cidade. Ainda te estou a ver, a última vez que passaste à minha porta, na Rua de Santa Iria, com o cão a puxar-te em direção ao café.
Recordar-te-emos como um homem “singular” – pragmático no pensamento e na forma de estar. Muito obrigado, pelo que me deste a mim pessoalmente e, sobretudo, à cidade que te viu nascer.
Até sempre Zé!