Quarta-feira, 19 de Março de 2025
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20 anos de prisão para empresário que matou em torneio de sueca

O arguido terá ainda de pagar indeminizações de cerca de 193 mil euros, e as despesas no hospital, no valor próximo dos 14 mil euros.

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Paulo Clemente, empresário de 48 anos, foi condenado a 20 anos de prisão em cúmulo jurídico pelos crimes de homicídio simples, duas tentativas de homicídio, um crime de ofensa à integridade física grave e outro de ameaça agravada.

O caso remonta a 23 de dezembro de 2018, quando na aldeia de Tuizendes, freguesia de Torgueda, decorria o torneio de sueca que se realizava há vários anos na localidade. 

Segundo a acusação do Ministério Público, Paulo Clemente participava num torneio de sueca quando “encetou uma discussão com outros jogadores por causa do barulho que faziam e da forma como jogavam”.

O tribunal condenou o arguido ainda a pagar uma indemnização de 99 mil euros ao pai da vítima mortal (Luís Matos). Outra das vítimas, Carlos Peixoto, que ficou com incapacidade de 9%, vai receber 66.651 euros, enquanto Eugénio Almeida, que ficou com uma incapacidade de 2%, terá de receber 27.220 euros, num total de cerca de 193 mil euros. A estes valores terá de ser descontado o montante que Paulo já pagou a algumas destas vítimas.

Terá ainda de pagar 13.975 euros ao Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro pelas despesas hospitalares. 

Os juízes consideraram que não ficou provado que tenha sido o arguido a encetar a discussão, mas sim que o empresário estava na mesa do lado a jogar uma das meias-finais do torneio e pediu aos jogadores de outra mesa “silêncio”, no entanto, estes não ligaram ao pedido e continuaram a falar alto, tendo mesmo sido expulsos do local pela organização do torneio, a cargo do Grupo Unido de Tuizendes.

Durante o julgamento, o empresário, ligado ao setor agroalimentar, admitiu que disparou os tiros, revelando que, durante o torneio, um jogador que estava na mesa ao lado exaltou-se e começou a berrar com ele. “Trataram-me mal, chamaram-me nomes e fizeram um gesto de passar a mão pelo pescoço”, conta, adiantando que lhe disseram “para estar calado”. “Um deles disse que me ia torcer o pescoço como fazem aos passarinhos. Fiquei assustado, não sou pessoa de problemas”, afirmou.

A leitura do acórdão aconteceu na segunda-feira, com várias condicionantes devido à covid-19, com o arguido a ouvir a sentença por videoconferência, numa sala onde esteve presente a juíza presidente e o advogado do arguido. Já a procuradora do Ministério Público assistiu também por videoconferência.

Na leitura do acórdão, a juíza considerou que “aquilo que o senhor Paulo fez foi muito grave”, no entanto, sublinhou que o tribunal acreditou no arrependimento que o arguido demonstrou, tendo tido em conta o facto de ter escrito cartas a pedir desculpa às vítimas e disponibilizou-se desde logo a pagar parte das indemnizações. “Isto foi muito relevante para o tribunal, porque o senhor está inconsolável por ter feito aquilo que fez”, acrescentou a juíza. 

O tribunal considerou ainda que Paulo agiu num “estado de manifesta exaltação”, ao ter saído do espaço depois de ter sido insultado pelos jogadores em causa. Dirigiu-se ao carro, onde pegou num revólver e uma pistola semiautomática e começou a disparar contra as vítimas, mas não ficou provado que tenha tido intenção de matar.

No final, Paulo Clemente voltou a dizer que está arrependido dos crimes e pediu novamente desculpa às vítimas e familiares. 

O advogado de defesa disse que vai estudar o acórdão para decidir se vai recorrer da decisão.

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