O concelho de Alijó é onde a taxa de incidência é maior. Segue-se Santa Marta de Penaguião, onde a presença de romenos fez disparar os números da doença, pois alguns cidadãos deste país de Leste vinham infectados com a doença.
O CDP – Centro Diagnóstico Pulmonar do Distrito de Vila Real, situado na Quinta da Redonda, em Mateus, em colaboração com outros organismos ligados ao sector da Saúde, tem desenvolvido um importante trabalho no tratamento e prevenção.
Teresa Furriel Cruz, assessora distrital para a tuberculose, abordou, no Nosso Jornal, esta temática de saúde pública, revelando que o CDP tem um projecto pioneiro a nível nacional. “No dia 1 de Março do ano passado, começámos a fazer a notificação laboratorial da tuberculose, para identificar precocemente os casos. Qualquer laboratório que detecte um doente, de imediato, comunica ao responsável de Saúde Pública, Manuel Pinheiro. Isto é um avanço muito importante porque os doentes rapidamente são chamados para fazer o tratamento. Em menos de 24 horas o doente começa a ser tratado e sabemos quais são as pessoas que com ele convivem”.
Teresa Furriel Cruz deu a conhecer o “mapa” da presença da doença no distrito. Em Vila Real, “a tuberculose diminuiu menos do que no resto do país. Em termos gerais podemos dizer que reduziu 7 por cento, no último ano. Às vezes, a diminuição dos números pode ser ilusória. As pessoas não aparecem, o que é mau. Sendo, assim, é uma falsa diminuição. No topo dos casos registados está Alijó. Temos estado a estudar os casos no terreno e é uma realidade preocupante. Queremos saber o porquê de existir tanta incidência da doença neste concelho. Sabe- -se que em Alijó há muito consumo de drogas e há muita prostituição. 2007 foi o ano em que ocorreu um surto da doença em Alijó, onde conseguimos rastrear 1100 pessoas e detectámos um cancro de pulmão numa professora de 35 anos de idade, que aliás nem queria fazer rastreio. Foi operada em Coimbra e hoje está bem”.
Em Santa Marta de Penaguião, a comunidade romena tem contribuído também para o aumento de casos neste concelho. No distrito de Vila Real, “só há um caso multirresistente, que é um indivíduo, natural de Guimarães, que está completamente dependente e internado numa unidade de cuidados continuados, na Régua, mas está negativo”. Comparado com o distrito de Bragança, Vila Real tem mais do dobro, porém, isto não invalida o bom trabalho que está a ser encetado e referido pela assessora distrital da Tuberculose. “Na avaliação da Tuberculose em 2008, o distrito de Vila Real ultrapassou todos os objectivos que tinham sido implementados para o controle da doença. Refiro também que conseguimos diminuir, significativamente, os números de tuberculose infantil”.
No combate à tuberculose, o TOD (Toma Observada Directamente) tem sido uma das armas, mas tem encontrado alguns obstáculos. “Um profissional de saúde tem de ver o doente engolir os comprimidos. Isto, às vezes, não é muito fácil, porque implica que nos vários Centros de Saúde haja um enfermeiro que vá fazer a TOD ao doente. Não foi muito fácil convencer as enfermeiras-chefes e os directores dos vários Centros de Saúde que a TOD é uma prioridade, pois não basta dar os comprimidos, é necessário ver se eles são ingeridos”.
Teresa Furriel destacou algumas unidades de saúde no tratamento da doença. “Há sítios que colaboram, já desde há alguns anos, de forma incondicional, onde destaco Santa Marta de Penaguião, o Centro de Saúde n.º 1 de Vila Real e o de Alijó.
Esta responsável focalizou alguns problemas na cidade vila-realense. “Vila Real tem os vícios das grandes urbes e não deixa de ser um meio rural. É complicado. Há, também, muita prostituição, toxicodependência, alcoolismo e tabagismo que contribuem para a doença. Depois continua a haver os analfabetos culturais, alguns até com o 12º ano, mas que não têm bom senso. É necessário implementar medidas sociais para modificar este panorama. Os autarcas não se devem preocupar tanto com as obras de fachada, e olhar com mais atenção para esta realidade”.
“Tenho tido vários apoios, nomeadamente o coordenador da Sub-região de Saúde de Vila Real, José Maria Andrade, que dá um apoio incondicional a esta causa”, afirmou Teresa Furriel, sublinhando ainda o papel de Manuel Pinheiro da ARS Norte e de Ana Maria Correia, Raquel Duarte e Abel Afonso.
Quanto à erradicação da doença, a médica não sabe se os números se irão manter ou diminuir, como seria desejável. “Erradicação no distrito vai levar o seu tempo, e não sabemos o que vai acontecer”. Mas, já houve períodos em que a situação foi bem pior.
No distrito há muita população emigrante que já vem infectada dos seus países de origem. “Há uns anos atrás eram os brasileiros, depois foram os ucranianos, agora são os romenos que trazem a doença. De qualquer modo, já foi dado um passo grande, e os indivíduos que estiveram infectados, já não estão”.