“Em primeiro lugar quisemos desmistificar a ideia de que a avaliação de riscos no local de trabalho é um bicho-de-sete-cabeças e que só deve ser feita nas grandes empresas”, explicou, em Chaves, Luís Lopes, coordenador executivo para a promoção da Saúde e Segurança no Trabalho (SST) em Portugal que, no dia 11, participou na cerimónia de encerramento da Campanha Europeia 2008/09 sob o tema “Locais de Trabalho Seguros e Saudáveis. Bom para si. Bom para as empresas”.
Segundo o mesmo responsável, Portugal tem conseguido “progressos enormes” no que diz respeito à SST e prova disso é a redução do número de acidentes de trabalho que, este ano se cifra em pouco mais de uma centena de casos, quando, na década de noventa, chegou a ser, em média, de 300 mortes por ano.
Luís Lopes, que referiu que o balanço da campanha europeia em Portugal é “francamente positivo”, sublinhou Chaves como um bom exemplo, destacando que, para além da cidade flaviense estar no centro dos eventos sobre as temáticas da SST, estão em curso diversos projectos de promoção da avaliação de riscos, por exemplo um na área do termalismo e outro que envolve ainda as várias autarquias do Alto Tâmega.
“É importante terminarmos esta campanha com a ideia de que a avaliação de riscos é um ponto de partida, um processo que deve ser feito em todos os momentos da nossa vida”, defendeu.
João Batista, presidente da Câmara Municipal, confirmou que, numa altura em que o país fala sobretudo no desemprego, em Chaves fala-se “da manutenção do emprego, da garantia das condições físicas e sociais de cada trabalhador”. “Ao nível do município, para além de continuarmos a lutar pela estabilidade laboral, sendo que não temos qualquer funcionário em contrato precário, os serviços de recursos humanos têm sido capazes de dignificar os trabalhadores, promover a prevenção e implementar uma cultura de segurança. Questões que têm uma ligação directa com a felicidade das pessoas”, garantiu o autarca.
O Inspector-geral do Trabalho, Paulo Morgado de Carvalho, contabilizou que a cada três minutos e meio morre uma pessoa na Europa devido a acidentes de trabalho ou doenças profissionais, uma realidade que para além do incomensurável sofrimento que acarreta para as famílias dos sinistrados, são “responsáveis por custos económicos que ascendem a cerca de quatro por cento do Produto Interno Bruto mundial”.
O mesmo responsável deixou a garantia de que a “noção de trabalho seguro está na agenda da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, tendo sido traçada a meta da redução de 25 por cento no número de acidentes, até 2012.
Segundo fonte da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), “nos últimos anos ocorreu uma média anual de 250.000 acidentes de trabalho em Portugal” sendo de realçar que houve “um decréscimo no número de mortes, tendo ocorrido 163, em 2007, e 120, em 2008, e 102, este ano”.
“No entanto, temos consciência que ainda há um longo caminho a percorrer”, explicou Idália Moniz, secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, deixando a garantia de que “há vontade política” para fazer mais e melhor, com o “Governo a assumir um lugar de liderança não só no controlo legal, mas também no que diz respeito a uma mudança cultural” para o sector da SST.