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A Igreja doméstica: escola e anúncio da fé e da esperança, pela via do amor

A Santíssima Trindade pede à Diocese, em Valpaços, para ser reflexo de união e amor, apostando, na Igreja, família dos filhos de Deus, e na comunidade matrimonial, sinal, espelho e fonte do amor prévio do Pai celeste, que nos dá o Filho e o Espírito, vivendo como filhos de Deus, co-herdeiros com Cristo e participantes da Sua glória. Deus é Trindade, comunhão de vida, amor, sempre fiel, sem rival e não aceita ser trocado, nem ser preterido. Ele é novidade e surpresa e pede o coração todo, aberto ao amor.

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1. Os versículos finais do Evangelho (Mt 28, 16-20) resumem a missão e identidade de Jesus e da Igreja, enviada a ensinar, baptizar e fazer discípulos, consagrando-os ao Pai, ao Filho e ao Espírito, fazendo o que Jesus quer, certos de que está connosco, até ao fim dos tempos. É o tempo da Igreja, com o Ressuscitado presente e os discípulos a ensinar e fazer discípulos para Ele, agindo, em família, como filhos adoptivos, guiados e unidos no Espírito, que nos renova. Sob a égide e guia da Trindade, vem o anúncio da novidade da grata e alegre notícia, da evangelização, nova no ardor, no método e na linguagem, aberta à mudança, para glória de Deus e salvação das almas. O anúncio de Deus e de Cristo faz-se, na família, berço, escola, púlpito e instrumento da transmissão da fé, educando as pessoas e a sociedade, pela via do amor, dom de si, da participação e da comunhão vivida, na comunidade natural, matrimonial e familiar.

2. No segundo ano do triénio sobre a Família em prol da Nova Evangelização, após o estudo da Palavra de Deus sobre a família, abordamos, agora, o dom esponsal, grande sinal do amor de Deus e de Cristo à Igreja, apostando na instituição familiar, berço, escola e púlpito do anúncio da fé e da esperança, na união, participação e comunhão, pela via do amor, de que a família é laboratório. Apostamos na fé, bebida, aprendida, sugada com o leite materno, vivida, anunciada e testemunhada, em Família, pela via do amor recíproco e por conaturalidade. A família é início, ponto de partida, veículo, clima, lar, escola, encontro e ponto de chegada da realização pessoal e social. Nada se pode fazer em prol da pessoa e da sociedade humana, sem a ajuda da família.

3. “Segundo o desígnio de Deus, o Matrimónio é o fundamento da comunidade mais ampla da família” (S. João Paulo II, Familiaris Consortio, n.14). Não foi a Igreja que inventou a família e o casamento, foram eles que se impuseram à Igreja, no retorno ao início da criação, quando Deus viu que era tudo muito bom ao criar o ser humano homem e mulher, para “o homem deixar pai e mãe, se unir à sua esposa e serem os dois, uma só carne” (Gn. 2,24). O matrimónio é prévio à Igreja e à fé, precede a vinda e nascimento de Cristo e é espelho, apelo, sinal e testemunho da união da Santíssima Trindade. Casar não é só desfilar diante do Padre, mas apostar no amor, para toda a vida, que é cheque em branco, sinal e apelo de Deus a viver o amor sacramento. E são três a agir e a atestar: os dois cônjuges e Deus, fonte e meta do amor mútuo, casto, fiel e indissolúvel que os esposos se dão um ao outro. Paulo fala de “casar no Senhor” e vê o vínculo matrimonial como sacramento do sacramento maior do amor de Cristo pela Igreja, pela qual Ele, no infinito amor, por nós, se entregou, sendo a família o lugar e a escola de diálogo, onde se partilha a escuta da revelação do outro, o perdão mútuo e a oração. O esposo e a esposa abrem-se, por amor, não porque o outro o obrigue. Falam, livremente, porque o outro o respeita e respeita e preza o seu silêncio. O amor sem liberdade é constrangimento e violação.

4. A família deve ser escola de auto-domínio, em ordem à auto-doação e amor casto. Na escola familiar há anúncio e dom de conhecimentos, no respeito da dignidade e da liberdade humana. A educação afetiva e da sexualidade dos filhos compete aos pais e deve ser feita, com suma delicadeza, de modo positivo, global, não só biológico, realista, personalizado, gradual e familiar. Os pais são os primeiros grandes educadores dos filhos e educam, sobretudo, com o exemplo e respeito, que devem ter, pelo jardim secreto e inviolável de cada um deles.

“A vida humana é dom recebido para ser dado” (Evangelium vitae, 92) e cada um seja e aceite-se como é, homem ou mulher. A integração bem sucedida da sexualidade pede auto-domínio, diz o Catecismo da Igreja Católica: “ou o homem comanda suas paixões e alcança a paz ou se deixa comandar por elas e se torna infeliz” (n.2339). Diz o povo: “Bem valente é o que pode consigo”. Ou dominamos o prazer ou ele nos domina a nós.

A pessoa humana é una, como Deus Trindade, é único. É “espírito encarnado, alma que se exprime no corpo, o amor abraça também o corpo humano e o corpo torna-se participante do amor espiritual” (S. João Paulo II, F.C. n.11, § 3). Não dar o corpo sem dar o coração. No mundo, sem Deus, os Noivos Cristãos anunciam o amor, o dom de Deus. Ao esperar pelo casamento, para se darem, como esposos, reconhecem que o amor conjugal não se vive a dois, mas a três: os esposos e Deus. Dizem que o amor é dom recebido, com a dimensão horizontal e a vertical, que vem de Deus. E na vida de casal, há que evitar as pequenas desavenças, perdoar e pedir perdão, cultivar e regar o amor matrimonial. Na harmonia de fachada podem existir rancores e ressentimentos acumulados a corroer o amor e a união conjugal. O Papa Francisco convida a fazer o exame de consciência e a dizer, com frequência: com licença, perdão e obrigado.

5. “Pais não exaspereis os filhos”. Respeitai-os. Não os ofendais, com maus exemplos e atitudes coléricas e, se os ofenderdes, pedi-lhes perdão, para os não desanimar, nem gerar neles falso sentimento de culpa. Os filhos devem notar que os pais os amam e são amados por Deus, Amor, infinitamente bom e maior que o pecado. A Escola da família é escola de exemplo, de vida partilhada, de amor e testemunho cristão, com base na fé e esperança cristãs e no amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que nos foi dado, nos ensina e vem em auxílio da nossa fraqueza.

Valpaços, Dia da Diocese, Festa da Santíssima Trindade, 31 de Maio de 2015

 

Bispo de Bila Real

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