Apesar das mulheres se encontrarem em maior número, quando se fala no grau de licenciatura e, até mesmo, nos doutoramentos, no que diz respeito à sua representatividade, em posições de topo, as contas são outras. Apesar de considerarem que não se trata de discriminação, as investigadoras continuam a lutar pela sua visibilidade, no mundo académico
Criada em 2005, a Associação Portuguesas de Mulheres Cientistas (Amonet) está agora a desenvolver esforços para divulgar a sua existência e, consequentemente, dar visibilidade ao trabalho científico desenvolvido no feminino, tendo, para tal, organizado, no dia 20, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), o seu 1.º Encontro Nacional.
Rosa Paiva, Presidente da Amonet, sublinhou que esta não é uma associação divisionista e prova disso é o facto de terem associados do sexo aposto, membros que também “lutam por uma maior visibilidade das mulheres cientistas”.
Segundo o mesmo responsável, cerca de 65 por cento dos recém-licenciados são mulheres, uma taxa que diminui, para os 50 por cento, quando se fala do grau de douramento. Os índices continuam a decrescer, no percurso académico, já que, ao nível dos professores auxiliares e professores associados, os índices cifram-se nos 40 e nos 35 por cento, respectivamente. Finalmente, a contabilidade dos sexos termina com apenas 20 por cento de mulheres, com estatuto de professor catedrático.
A professora da Universidade Nova de Lisboa revelou, no entanto, que, de acordo com um relatório do Eurostat, Portugal é o quarto país da União Europeia com maior percentagem de mulheres na investigação, perto de 45 por cento.
Isolina Poeta, Professora Catedrática do Departamento de Economia e Gestão e Vice-Reitora da UTAD, entra nas estatísticas, contribuindo para aumentar o número, ainda pouco representativo, das mulheres, nos órgãos de decisão. “Estou, na Reitoria, há nove anos” recordou a investigadora transmontana que, há seis anos, foi uma das primeiras mulheres, no país, a ser nomeada para o cargo de Vice-Reitora.
“É mais difícil ser mulher”, considerou Isolina Poeta, sublinhando que a maior dificuldade é conciliar a vida académica e as responsabilidades familiares, como a vida doméstica e os filhos.
Desmistificando a ideia de que os números poderiam ser sinónimo de “discriminação, Isolina Poeta acredita que o trabalho das mulheres” já é conhecido no mundo académico e rejeita a ideia da “imposição de cotas” nos quadros de gestão das universidades.
“Lá chegaremos”, concluiu a professora da UTAD.
Margarida Correia Marques é outra das investigadoras da universidade transmontana envolvidas no projecto da Amonet. Ligada a projectos como o Programa Douro Limpo ou a mediação da poluição fotoquímica e atmosférica no nordeste transmontano, a professora associada da UTAD é um exemplo da investigação no feminino.
“Não estamos a lutar pelo reconhecimento do trabalho científico desenvolvido por mulheres. O nosso objectivo é dar-lhe mais visibilidade e impulsionar o papel das mulheres nos lugares de gestão das Universidades”.
Maria Meireles