Será impossível evitar que toda a gente não trabalhe ao domingo e que tudo feche ao domingo. Certos serviços do Estado e alguns comércios são inevitáveis, o que não é o caso dos hipermercados e dos supermercados, que podem perfeitamente fechar para dar o devido descanso ao trabalhador e ao consumidor. O consumismo atual e a reinante avidez pelo dinheiro, com excesso de trabalho sem o devido descanso e lazer, sem tempo para a celebração, a família, amizade e a festa, estão a desumanizar a vida e a escravizar o ser humano. O autor do livro “Morrendo por Um Salário”, Jeffrey Pfeffer, até vai mais longe, afirmando que “o trabalho (em excesso, contínuo, sem ritmos) está a matar as pessoas e ninguém se importa com isso”.
O Domingo está-se a tornar um dia como os outros, um dia trivial, igual a qualquer outro dia da semana, um dia como qualquer outro para trabalhar, assim reclamado pelos grandes impérios económicos atuais, que não têm outro intento que não seja acumular lucros e mais lucros, construindo para isso as grandes catedrais e santuários do mundo contemporâneo, os hipermercados, os supermercados e os centros comerciais. Ao Domingo, é ali que a maioria das pessoas aflui para passar o tempo, para estar sempre entretida e consumir, sem ter outros interesses mais nobres e realizadores para as suas vidas. Como afirma D. Manuel Linda, «está-se a gerar uma civilização fria, sem alma, individualista, sem profundidade de relações e até mesmo sem outros contactos que não sejam os da «realidade virtual».
Que grande desenvolvimento conquistámos que o essencial, que é o ter tempo para si e para os outros, para a família, para as relações humanas e seu enriquecimento, o estar com os outros com dedicação e sem pressa, o saborear o tempo com a arte e a beleza, o encontro, com a música, está-nos a passar ao lado e não é de estranhar que sejamos uma sociedade depressiva, exausta, superficialmente feliz.