O gestor financeiro da Cooperativa de Murça, Mário Artur, manifestou a opinião de que “o projecto previsto para a Barragem, na cota dos 170 metros, já corresponde a um «leito de cheia», que por vezes já ocorre”. “Desta forma, conseguimos ter a noção daquilo que significa em termos de inundação de áreas, que não é significativa e não irá ter grande impacto”, sublinhou.
Quanto ao futuro, este responsável mostrou alguma cautela. “Em termos de qualidade do produto não há certezas. Poderá haver mais nevoeiros, mais humidade e residualmente poderá ter algum impacto. Mas, temos de ter em conta que, nos últimos quatro anos, tem havido algum stress hídrico (seca) e aqui poderá haver até alguma compensação. Portanto, a adega vai continuar a produzir vinhos de boa qualidade, mas temos de estar atentos ”, acrescentou.
A maior implicação da cota «170» será mesmo no clima e no ecossistema do próprio rio, mas “na agricultura o impacto deverá ser mínimo”. “Se a cota fosse de «190», aí era dramático”, reforçou.
Mário Artur diz que a construção da barragem é uma inevitabilidade, mas ressalva contudo que o facto de “a EDP vir aqui aproveitar o potencial”, também terá “de dar compensações”. Porém, é preciso “saber aproveitar o que houver de positivo, porque não há nada que se faça que não tenha coisas boas e coisas más”, concluiu.
Recorde-se que, a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) emitida, dá parecer favorável e desactiva automaticamente, e de forma definitiva, os primeiros quatro quilómetros da ferrovia, entre o Tua e Tralhariz, para os trabalhos de prospecção e elaboração do projecto.
Com a cota aprovada, o enchimento da albufeira irá inundar um total de perto de 16 dos cerca de 60 quilómetros da linha do Tua.