No final da concentração foi aprovado um documento que irá seguir para o presidente da República, Governo e Assembleia da República. Manuel Ribeiro foi um dos agricultores presentes na concentração e de corda ao pescoço explicou o significado de tão estranha aparência. “Isto representa o destino dos pequenos viticultores, ou seja, a morte simbólica por enforcamento”. “Com os preços baixos dos vinhos, pagamentos feitos tarde e a más horas, a redução de benefício, a Casa do Douro sem poder e sem competências, onde iremos parar?” – Esta foi uma interrogação comum deixada por outros agricultores (alguns com velas nas mãos) presentes na manifestação.
A dirigente da Avidouro, Berta Santos, garantiu que a crise é tal “que já há muitos agricultores na miséria por não terem o que dar de comer aos seus filhos. Há lavradores que ainda não receberam o dinheiro das colheitas de 2005”. Voltando a abordar a questão do benefício, a dirigente lembrou que ano após ano tem vindo a ser reduzido.
Em 2010, “aparentemente não há redução, o certo é que aumentaram a área beneficiada e desta forma há uma descida real na atribuição do benefício, quando se sabe que é este que garante a sobrevivência do pequeno e médio viticultor do Douro”, sublinhou.
Mas, há outros factores que contribuem para uma das maiores crises sociais que os agricultores do Douro vivem, como é o caso da “constante subida das contribuições para a Segurança Social e o esvaziamento da Casa do Douro” (nenhum dirigente esteve presente na manifestação).
Em síntese, a Avidouro reclama o aumento do benefício, melhores preços para os vinhos na produção, redução no preço do gasóleo, adubos, pesticidas e electricidade agrícola, e mais apoio para a Casa do Douro. “Se isto continuar assim, o Douro caminha para a desertificação e para a miséria”, salientou Berta Santos.
Quanto ao vinho espalhado pelas ruas, este protesto simbolizou a insatisfação crescente dos viticultores, que “estão zangados e que prometem continuar a lutar por melhores condições”, garantiu a dirigente sindical.