A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) dirigiu uma carta aberta aos órgãos de soberania, face ao estado epidemiológico do país, chamando atenção para que não se sacrificasse mais a agricultura familiar portuguesa.
Sobre este tema, a APT – Associação dos Agricultores e Pastores do Norte, entende que “vivemos com fortes restrições de mobilidade, de contenção social, de encerramento de mercados e feiras, do setor da restauração e o encerramento de importantes infraestruturas essenciais ao desenvolvimento da atividade economia regional”.
Segundo a APT, esta situação acarreta “graves problemas” para o setor agroalimentar da região transmontana, que tem maior variedade de produtos com Identificação Geográfica Protegida – IGPs; Denominação Origem Protegida – DOPs; maior número de solares de raças autóctones de pequenos e grandes ruminantes; maior diversidade de vinho, azeite, cereal, fruta, castanha, batata, mel e fumeiro. Produtos que depois de transformados incorporam uma qualidade intrínseca, para uma alimentação mais saudável, mais nutritiva e de maior proximidade.
Na atual conjuntura, os problemas tendem a acentuar-se com a falta de escoamento da produção de muitas explorações de pequenos e médios agricultores.
A APT considera importantes algumas medidas já anunciadas pela ministra da Agricultura, uma das quais, a criação de “uma plataforma nacional que ligue quem consome e quem vende”. A APT diz estranhar, no entanto, que a mesma inclua apenas os grupos de ação local e não entende a ausência de entidades representativas dos agricultores familiares e autarquias.
Nesta semana da Páscoa, “considerado tradicionalmente o São Miguel dos Pastores”, os cordeiros e os cabritos estão nas cortes à espera que o intermediário ou o talhante lhes batam à porta para adquirir a sua criação, porque a tipologia das explorações “não tem dimensão nos espaços das prateleiras das grandes superfícies, as feiras estão encerradas e já não existe a Junta Nacional dos Produtos Pecuários para escoar estes produtos”, lamenta a associação.
Perante estas dificuldades, a APT – Associação dos Agricultores e Pastores do Norte, apresenta um conjunto de propostas para minimizar os problemas que o setor atravessa, como a reabertura dos mercados locais encerrados, criando condições para os pequenos produtores escoarem os seus produtos, com regras sanitárias rigorosas; a criação de um programa de compra de produtos locais para o abastecimento de cantinas públicas; a permissão, fomentação e apoio de várias formas de venda direta; a criação de uma medida de apoio financeiro pela perda de rendimento dos pequenos e médios agricultores; a antecipação do pagamento de todas as ajudas diretas, medidas agroambientais e medidas de apoio às zonas desfavorecidas.
A APT refere que é “urgente que o Governo negoceie junto das grandes superfícies, para que estas assumam o compromisso que uma percentagem das vendas de produtos agrícolas comercializados, sejam oriundos da agricultura regional onde estão implantadas”.