O Vila Real entrou muito bem em campo, a dominar completamente o adversário, empurrando mesmo os locais para o seu último reduto. Por isso, não foi de estranhar as constantes jogadas a levar perigo à baliza do brasileiro Muler. Aos 11’, numa bela jogada de ataque, o Vila Real vai abrir o ativo. Filipe vai à linha de fundo, cruza para o coração da área, onde aparece Diogo, livre de marcação, a rematar para o fundo da baliza, sem qualquer hipótese de defesa para Muler. Dois minutos volvidos, Meira aparece isolado na esquerda e remata forte mas à figura do guarda–redes da casa. Nesta altura, o Vila Real comandava as operações no centro nevrálgico do terreno e o Alpendorada limitava-se a defender e não conseguia sair para o ataque. Aliás, o primeiro remate que faz à baliza de Cabreca acontece à passagem do minuto 20, com João a rematar por cima da trave, na marcação de um livre em zona frontal. Aos 21’, surge o golo da igualdade, numa perda infantil de bola de Filipe, que foi bem aproveitada pelo irrequieto Ricardo, que ganha na insistência e à saída de Cabreca não teve dificuldade em rematar para o fundo das redes. Este lance parece que perturbou a equipa forasteira, que nunca mais foi a mesma e acusou em demasia o golo sofrido. Mesmo assim, aos 40’, na sequência de um pontapé de canto, há um desvio para o segundo poste, onde Meira falha de forma incrível à boca da baliza, ao atirar por cima da trave. Em cima do intervalo, Coelho vê o segundo cartão amarelo e é expulso, depois de travar Schuster que partia para o contra-ataque. No final dos 45 minutos, a vantagem mínima dos locais penalizava em demasia os transmontanos que tiveram duas falhas defensivas clamorosas, que resultaram em golos para os locais.
Na segunda parte, o Vila Real entrou mais pressionante, mas o seu jogo era afunilado, sem conseguir explorar as faixas laterais, apesar de ter mais um elemento em campo. Apesar de ter dominado o jogo, o Vila Real tinha dificuldades em criar perigo, exceção para o remate de Azevedo, ao qual correspondeu da melhor forma Muler, a socar para a frente. Já com Dani em campo, o jovem avançado teve uma excelente oportunidade, mas o remate cruzado saiu a milímetros do poste. Os visitantes colocavam toda a carne no assador e o cerco apertava-se na área do Alpendorada. Até que, aos 81’, Azevedo faz um cruzamento milimétrico para o cabeceamento de Dani a bater Muler pela segunda vez. Estava assim restabelecida a igualdade, que se manteve até ao final da partida. Nos últimos 5 minutos, o Alpendorada ainda teve duas boas ocasiões. A primeira, numa saída inexplicável de Cabreca da baliza, com João Marques a fazer o chapéu e quando a bola se encaminhava para a baliza, valeu o corte sobre a linha de Abreu, a segurar o empate. Depois, na sequência de um pontapé de canto, muita confusão na área, a bola a ressaltar entre vários jogadores, valeu o alívio de Castanha, a tirar da área.
O Vila Real teve mais posse de bola, mas isso não foi suficiente para trazer os três pontos. O empate acabou por ser um mal menor, num mau jogo de futebol.
No próximo domingo, o Vila Real tem um jogo preponderante para as suas aspirações, já que recebe o Vila Meã, uma equipa com menos dois pontos, mas que ainda tem todas as condições para ficar dentro dos seis primeiros classificados. Um jogo que pode decidir já a manutenção direta dos transmontanos.
As reações dos treinadores
Abel Ferreira, treinador do Vila Real
“O Alpendorada aproveitou bem os erros da nossa defensiva”
O técnico vila-realense focou o mau estado do terreno que condicionou o espetáculo, mas o empate acaba por se ajustar ao que se passou em campo.
“Um jogo difícil, num campo sem condições para a prática de futebol. Apesar de termos entrado bem na partida e de marcarmos primeiro, acabamos por cometer alguns erros que acabaram por se pagar caro, uma vez que sofremos dois golos de forma infantil. Mesmo assim, acho que temos uma equipa superior ao Alpendorada, que aproveitou bem os erros da nossa defensiva. A perder, tentamos inverter o resultado ainda na primeira parte, mas não conseguimos. No segundo tempo, a jogar com menos um, o Alpendorada baixou as suas linhas e tentou jogar em contra-ataque. Fizemos várias alterações e alcançamos o empate. Fomos a melhor equipa em campo, mas o adversário também não merecia perder este jogo, por tudo o que lutou só com dez jogadores. Agora, faltam dois jogos e aí vamos ver se este ponto é positivo ou negativo. Todos os jogos são difíceis, conhecemos bem o Vila Meã, mas nós temos qualidade e vamos lutar pela vitória. Aliás, estou convicto que vamos vencer e alcançar já a manutenção direta”.
Manuel Neves, treinador do Alpendorada
“Por tudo aquilo que fizemos, merecíamos os três pontos”
O técnico local sublinhou que a sua equipa merecia os três pontos, num terreno de jogo que não ajudou as duas equipas a praticar um bom futebol.
“Queríamos conquistar os três pontos, mas isso não foi possível, perante um adversário que nos complicou a tarefa. Na verdade, o terreno de jogo está péssimo e isso tem condicionado as nossas exibições e até os resultados com a irregularidade da relva. Este tipo de campo prejudica muito a minha equipa, que gosta de transportar a bola, mas tem tido muitas dificuldades em explanar aqui o seu futebol e temos de optar por lançar bolas para a frente. Mesmo assim, por tudo aquilo que fizemos, merecíamos os três pontos. Nós temos poucos pontos, mas esta equipa não é inferior a outras que têm o dobro dos nossos pontos, pois penso que há muito equilíbrio nesta série. Nós iremos lutar até ao fim pela manutenção, numa guerra que não será fácil”.
Ficha Técnica
Jogo disputado no Estádio Municipal de Alpendorada.
Árbitro: Pedro Oliveira (AF Aveiro).
Auxiliares: Vítor Almeida e Pedro Pinho.
ALPENDORADA – Muler, Rúben, André, Nuno, João, Tiago (Carlos Alberto, 87’), Flávio, Coelho, Ricardo, Telmo (João Marques, 66’) e Marco Alves (Rochinha, 81’).
Suplentes não utilizados: Luís, Luís Carlos, Raul e João Silva.
Treinador: Manuel Neves.
VILA REAL – Cabreca, Filipe (Daniel, 62’), Fred, Abreu, Peixoto, Castanha, Meira, Schuster, André Azevedo, Ivo (Rafael, 85’) e Diogo (Kobe, 78’).
Suplentes não utilizados: Ousmane, Nuno Fredy, Mica e Pires.
Treinador: Abel Ferreira.
Ao intervalo: 1 – 2
Cartões amarelos: André (45’), Coelho (41’ e 45’) João (58’), Ricardo (64’), Azevedo (73’), Flávio (89’).
Cartão vermelho: Coelho (45’, ac.)
Marcadores: Diogo (11’), Ricardo (21’), Telmo (31’) e Dani (81’).