“Estamos a chegar a um ponto de crise quase fatal”, considerou o presidente da Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Tiago Sá Carneiro, no dia 24, durante a cerimónia comemorativa do 23º aniversário da academia transmontana.
Segundo o representante dos estudantes, prova dessa “preocupante” crise, é o aumento do número de pedidos de bolsas, que este ano lectivo foi apresentado por 3500 alunos, mais 330 que em 2007/2008.
Tiago Sá Carneiro revelou mesmo que uma grande parte dos alunos não conseguiu pagar as propinas do segundo semestre do ano passado por falta de recursos. “80 por cento dos alunos da UTAD são deslocados e têm que investir cerca de 5500 euros por ano para os estudos, um valor que não está ao alcance de todos”, contabilizou o representante dos estudantes.
O presidente da Associação Académica propôs algumas medidas para ultrapassar a situação, como o reforço da acção social, à semelhança do que aconteceu no ensino básico e secundário, o aumento dos descontos nos passes escolares e finalmente, o alargamento da plataforma do IRS relativa às despesas de educação.
Em mais um aniversário, também Mascarenhas Ferreira fez o natural balanço sobre o ano anterior, revelando as conquistas ao nível dos apoios no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), mas ao mesmo tempo, sublinhando as dificuldades financeiras da academia.
“O ano de 2008 fica assinalado pelo envolvimento nas oportunidades do QREN”, revelou o reitor, recordando que foram investidos na UTAD cerca de sete milhões e 400 mil euros, entre os quais se destaca a remodelação e ampliação do Hospital Veterinário e da Cantina Universitária da Quinta de Prados.
Especial relevância mereceu ainda “os esforços que culminaram com candidatura do Régia Douro Park – Parque de Ciência e Tecnologia, Régia Douro Park – Incubadora de empresas de base tecnológica e o Brigantia Eco Park – Parque de Ciência e Tecnologia”, projectos que envolveram a UTAD, o Instituto Politécnico de Bragança, a Portus Park e as autarquias das duas capitais de distrito.
No que diz respeito às infra-estruturas, Mascarenhas Ferreira revelou que, em 2008, foi “apenas” aprovado, no âmbito do Programa Operacional de Valorização do Território, o Edifício das Ciências Veterinária – Bloco de Laboratórios, um equipamento que envolverá um investimento total de nove milhões e 400 mil euros e que era considerado como “essencial para o desenvolvimento da Universidade”, em departamentos como a medicina veterinária, biologia molecular, genética e biotecnologia e qualidade e segurança alimentar.
Mas nem tudo foi positivo em 2008. O reitor sublinhou as dificuldades financeiras recordando que, apesar de “nos últimos três anos o quadro de pessoal docente e não docente ter sido reduzido” e dos “esforços na contenção de despesas e na obtenção de receitas próprias”, os encargos com os descontos para a Caixa de Aposentações e Segurança Social, no conjunto de três milhões de euros, o aumento da função pública (que exigiu a injecção de 700 mil euros) e a qualificação do corpo docente, obrigaram ao “imprescindível” reforço do orçamento de Estado.