2006 foi, mais uma vez, de desafios para a Universidade transmontana. No entanto, o 22.º ano de existência que agora se inicia, poderá ficar marcado na história da UTAD pelos piores motivos: o encerramento dos seus pólos de Chaves e Miranda do Douro. Em mais um dia de festa, para alunos, docentes e funcionários, Mascarenhas Ferreira renovou, no entanto, a “firme expectativa de conseguir preservar, alargar e aperfeiçoar o papel essencial que a Universidade tem desempenhado, ao serviço da região e de Portugal”.
“Quem decide que defina o que quer da Universidade de Trás-os- -Montes e Alto Douro (UTAD)”. Foi desta forma categórica que o Reitor Armando Mascarenhas Ferreira terminou, no dia 22, o discurso comemorativo do 21.º aniversário da Universidade transmontana, altura em reiterou que, caso não sejam garantidas as “condições de funcionamento requeridas, será proposto, ao Senado, o encerramento das actividades dos pólos de Chaves e Miranda do Douro”.
“Julgo que chegou, agora, o momento de dizer que, face à continuada e fortíssima contenção financeira, a UTAD, por si só, não terá meios para manter todos os seus propósitos no domínio da coesão social e territorial”, sublinhou Mascarenhas Ferreira, sem antes recordar a sua convicção de que a Universidade tem “muito poucos garrotes, com que se possa travar a hemorragia demográfica que tem lançado o interior de Portugal numa lenta agonia”.
O Reitor da academia transmontana mostrou o seu descontentamento, face ao corte, em cerca de 20 por cento, do Orçamento de Estado atribuído à UTAD para 2007, e à continuidade da incerteza da concretização de “empreendimentos- -âncora, submetidos à aprovação da tutela e inicialmente inscritos em PIDDAC”.
O último ano da história do Ensino Superior ficou marcado pela análise crítica sobre o seu sistema de avaliação da qualidade, pela Associação Europeia para Garantia da Qualidade no Ensino Superior (ENQA) e pelo estudo da comissão de peritos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que analisou, globalmente, a estrutura, a organização e o funcionamento da rede institucional. Além de considerar que “a maior parte dos problemas, impasses e dificuldades” identificados “eram já bem conhecidos e tinham sido repetidamente referenciados”, Mascarenhas Ferreira considerou que, no que se refere às soluções apontadas, “algumas são manifestamente de difícil aplicação, outras foram há muito perspectivadas, mas nunca cultivadas, e outras, ainda, parecem enfeudadas a sistemas que, na sua base conceptual, se afastam, francamente, das nossas realidades culturais, económicas e sociais”
“Lamentamos que o retido no imaginário comum foi, sobretudo, que o que de menos bom aconteceu na evolução histórica do Ensino Superior, em Portugal, foi, exclusivamente, da responsabilidade das suas instituições”, salientou o Reitor da UTAD.
Apesar das vicissitudes de mais um ano de “desafios”, para a Universidade transmontana, 2006 conseguiu, mais uma vez, destacar-se com algumas vitórias já que, como realçou Mascarenhas Ferreira, “na justa medida” das suas responsabilidades, “a academia conseguiu “avanços significativos”, com a prossecução da revisão estatutária, a revisão das estruturas curriculares dos Cursos (adequando-as ao Processo de Bolonha), a aposta na formação pedagógica para docentes, a manutenção de “uma das mais elevadas eficiências pedagógicas de graduação e de pós–graduação das universidades públicas portuguesas”, a potencialização do campus virtual, o início dos trabalhos de reavaliação e reorganização da investigação científica, e o trabalho de cooperação nacional e o fomento da cultura científica e tecnológica, junto de cerca de 15 000 jovens, no âmbito do Ciência Viva, entre muito outros desígnios, do Plano de Actividades para 2006.
A cerimónia serviu, ainda, para Mascarenhas Ferreira levantar um pouco o véu sobre o Plano de Actividades para 2007 que, “condicionado, seguramente, por medidas governamentais”, prevê, entre muitos outros objectivos, “a criação da nova licenciatura em Bioengenharia, em estreita cooperação com a Universidade do Porto, e a oferta de formação pós-graduada, a nível do 2.º Ciclo, na área da Antropologia, que se planeia em parceria com a Universidade do Minho”.
Maria Meireles