Desde que nasceu, há 47 anos, Pedro Custódio tem por lar o velho apeadeiro ferroviário de Parada de Aguiar, da desactivada Linha do Corgo, entre Vila Real e Chaves. O seu pai foi trabalhador da CP e habitava o imóvel. Após a sua morte, este mecânico de ciclomotores continuou a residir ali. O edifício que “viu”, anos a fio, partir e chegar as locomotivas fumegantes, serve, agora, de oficina a bicicletas e motorizadas.
O espaço da velha bilheteira e da sala de espera dos passageiros é, agora, o local dos aros, motores e carcaças de velocípedes. Uma velha motorizada, postada à entrada do apeadeiro, serve para chamar a atenção de que ali existe uma oficina.
Pedro Custódio já tentou comprar o edifício do apeadeiro.
“Vivo aqui, há 47 anos. Gostava de continuar a morar aqui, ainda tentei a compra, mas está difícil, porque a REFER pede muito dinheiro. Já em 1995, a CP pediu quatro mil contos e eu não tinha dinheiro para ficar com o apeadeiro!”. Mesmo assim, ainda tem a esperança de que haja negócio: “Se a REFER me deixar ficar com isto, recupero o edifício” – assegurou. Se Pedro Custódio não comprar o apeadeiro, este poderá ser recuperado, na mesma, no âmbito da criação do troço da Ecopista entre Vila Pouca de Aguiar e Vila Real.
Ao que apurámos e conforme consta no projecto, o imóvel poderá servir como ponto de apoio logístico aos cicloturistas.
O apeadeiro de Parada de Aguiar, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, foi um dos mais importantes da via estreita do Corgo, dado servir não só a população local, como algumas aldeias, em redor. Servia, também, para a expedição de produtos agrícolas locais.
Foi encerrado, em 1 Janeiro de 1990, após a decisão da CP em fechar o troço entre Vila Real e Chaves.
Jmcardoso