Domingo, 8 de Dezembro de 2024
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“As emoções com as corridas não se explicam, apenas se sentem”

Desde janeiro de 2017 que Jorge Almeida abraçou o desafio de assumir a direção do Clube Automóvel de Vila Real (CAVR), com o objetivo de aumentar o número de provas por ano que se realizam na região. Apesar dos poucos recursos, o clube vive um momento de “estabilidade” e está pronto para mais um grande desafio: a 50ª edição do Circuito Internacional de Vila Real

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Está tudo preparado para a 50ª edição do Circuito Internacional de Vila Real?

Jorge Almeida – Está tudo a correr dentro da normalidade e os timings estão a ser cumpridos. Apesar das exigências serem cada vez maiores, a nossa equipa está preparada para dar o melhor. 

A equipa do CAVR é sobretudo voluntária. Quantos elementos envolve a organização?

Entre 180 a 200 pessoas, todos voluntários. No último ano, decidimos dar uma pequena compensação monetária, de forma a dar um simbólico incentivo, pois são muitas horas seguidas a trabalhar. 

O que espera desta edição?

O maior êxito possível, que seja marcado pela excelência. Gostávamos de ter uma sala nova de ‘race control’, mais de acordo com aquilo que é feito a nível mundial, mas infelizmente a candidatura que apresentamos, não obteve financiamento. No entanto, não vamos desistir e iremos voltar a apresentar o projeto, que irá dar melhores condições aos diretores de corrida, de prova, não só os da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), mas também ao nosso pessoal.

As corridas, o que significam para si?

Quem é da cidade, quem aqui cresceu (como eu), as corridas continuam a ser o momento mais alto do ano. É algo que não se explica, apenas se sente. Quando chega o mês de junho, a adrenalina começa a vir ao de cima, pois comecei a trabalhar na pista com apenas 13 anos. Já lá vão mais de 40 anos.  

Que recordações tem das corridas no antigo circuito?

Vila Real recebia milhares de pessoas para ver os melhores pilotos do mundo. Nas quintas e sextas-feiras à noite era uma enchente maluca, antes das provas, com milhares de pessoas a passear pelo circuito, pelas boxes, pela zona da chicane da Estação, que nós dizíamos que era “fabulosa”, era mesmo a melhor zona. 

Ali, à noite, os pilotos fora de série pegavam nos seus carros e faziam a chicane como se estivessem em competição. Havia muitos choques, mas era uma verdadeira loucura. Lembro-me que numa dessas noites apareceu a polícia de intervenção que tentou dispersar todas as pessoas que estavam naquela zona, começaram a agredir toda a gente. Até o doutor Aguilar, que estava a passar e era na altura o presidente do CAVR, foi agredido. Recordo-me também muito bem do acidente do motociclista Ángel Nieto, à entrada da ponte metálica, em que ele caiu, mas não da ponte abaixo, como se dizia.

Que diferenças para o atual circuito?

Hoje, é totalmente diferente, mas a forma como os vila-realenses vivem o circuito continua igual. As pessoas continuam a viver as corridas com paixão, pois os verdadeiros vila-realenses são aficionados pelo desporto automóvel. Sei que vêm pessoas da Suíça, França, Estados Unidos, de propósito para ver as provas em Vila Real. 

Um episódio que o tenha marcado mais recentemente? 

Há vários episódios que nos vão marcando, mas aquele que nos provocou mais aflição foi o acidente do ano passado, que envolveu um grande número de carros do WTCR e nos criou alguma aflição. Apesar do aparato, ninguém ficou ferido com gravidade, conseguimos dar a volta por cima e solucionamos bem o problema a nível organizativo.

Como descreve os três dias de corridas? 

Não há descanso. É muito stressante, mas quando fazes aquilo que gostas, acabas por não sentir tanto cansaço. Como presidente do CAVR, estou sobretudo por trás, pois temos os nossos colaboradores que chefiam as equipas e nós estamos na retaguarda a tomar as decisões que são necessárias no momento certo. Mas, confesso, que é uma adrenalina constante, em que não paras. Então, o diretor de prova, Eduardo Ferreira, e o Pedro Polido, esses é que têm uma enorme pressão durante as corridas, pois é tudo em cima deles.   

Como é a equipa que trabalha contigo? 

São espetaculares, sempre disponíveis para ajudar. Felizmente, as pessoas gostam e colaboram, mas não é fácil ter uma equipa tão disponível. Nós também lhe tentamos dar as melhores condições possíveis, porque eles são o cérebro do clube.

Quantos associados tem o CAVR? 

Estamos numa fase de reestruturação a nível dos associados, mas deveremos ter entre 500 a 700 associados. Até ao final do ano, vamos organizar melhor o clube e esperamos ter o sistema todo atualizado. 

E a saúde financeira? 

Quando entramos, encontramos uma situação complicada, mas lentamente foi possível estabilizar o clube, que hoje não dá lucro, mas também não tem dívidas, o que já é bom.

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