O contrato para a atribuição de exploração de depósitos minerais de lítio e minerais associados no concelho de Montalegre foi assinado pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), em representação do Estado português, e a Lusorecursos.
A empresa desenvolveu um plano de negócios para implementar na freguesia de Morgade, no distrito de Vila Real, onde se prepara para avançar com a exploração de lítio, prevê investir cerca de 500 milhões de euros e criar à volta de 500 postos de trabalho.
O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, afirmou à Lusa que lhe agrada que tenha sido “assinado o contrato de exploração”.
“Penso que é um investimento âncora para o concelho, para a região e também para toda a zona Norte. Pode ser, e espero que assim seja, um projeto âncora que traga desenvolvimento, que traga emprego, que traga emprego qualificado e ajude a fixar as pessoas à terra e que tudo se faça no absoluto respeito pela preservação da paisagem e do ambiente”, frisou.
O autarca disse que esta tomada de posição já tinha sido apresentada, em sede própria, quando a Câmara de Montalegre foi confrontada com um pedido de parecer da DGEG.
O diretor executivo (CEO) da Lusorecursos, Ricardo Pinheiro, já apontou 2020 como o ano em que se prevê que a exploração deverá arrancar e depois, em 2022, deverá começar a ser entregue o hidróxido de lítio aos clientes.
Em entrevista à Lusa no início do mês, o responsável referiu que a estratégia empresarial para aquele território passa pela exploração, a transformação e o aproveitamento e valorização dos produtos secundários resultantes da exploração mineira.
Segundo a Lusorecursos, na área investigada em Sepeda, as prospeções apontam para um depósito de “30 milhões de toneladas” de lítio. No entanto, a área de concessão é muito superior à investigada.
A unidade industrial a implementar estará separada em duas fases, sendo que na primeira, no designado concentrador, será feita a separação dos vários minerais que vão sair da exploração. Depois, numa fase seguinte, na refinaria, será processado o hidróxido de lítio a utilizar nas baterias elétricas.
A restante matéria-prima, como o feldspato, caulino ou outras argilas, irá alimentar uma fábrica de cerâmica, onde serão produzidas “placas de grande dimensão” que poderão ser usadas em revestimentos ou pavimentos.
O projeto de exploração mineira de Sepeda prevê ainda a construção de 10 quilómetros de passadiços que irão atravessar a área concessionada e mostrar aos turistas como se extrai e transforma o lítio.
A procura mundial pelo lítio, usado na produção de baterias para automóveis e placas utilizadas no fabrico de eletrodomésticos, está a aumentar e Portugal é reconhecido como um dos países com reservas suficientes para uma exploração comercial economicamente viável.