Numa altura em que a obesidade é já considerada como “uma epidemia mundial”, Portugal ainda se debate com a falta de nutricionistas. A denúncia parte da associação que representa estes profissionais de Saúde, organismo que contabiliza que exista, apenas, “um nutricionista por cada 183 mil portugueses”.
Em comunicado, a Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) denunciou a falta deste tipo de profissionais de Saúde, no distrito de Vila Real, classificando como “uma situação grave” o facto de só haver três nutricionistas, para 16 Centros de Saúde.
A APN esclarece que esta é uma contabilidade preocupante, “tendo em conta a importância que os nutricionistas têm, na promoção da Saúde e na prevenção da doença”.
“A obesidade é considerada, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como a epidemia do Século XXI e os casos de morte por doença provocada por distúrbios alimentares, estão a crescer”, sublinha o mesmo organismo, alertando “para a urgência do aumento do número de profissionais disponíveis nos Cuidados de Saúde Primários”
A problemática não se centra, exclusivamente, no distrito vila-realense, como aliás comprovam os dados referente a Maio de 2007, os quais revelam que, para cada 183 mil portugueses, existe apenas um nutricionista, nos Centros de Saúde, sendo que, na Região Norte, se contabilizam apenas 38 profissionais, para os 101 Centros.
O Nosso Jornal tentou entrar em contacto com os responsáveis pela APN, para aprofundar a questão, o que, até à hora de fecho desta edição, não foi possível.
Por outro lado, José Maria Andrade, Coordenador da Sub-Região de Saúde de Vila Real, apesar de se encontrar de férias, fez chegar à redacção do Nosso Jornal a informação de que, no Distrito, existem dois nutricionistas no quadro e outros dois contratados. No entanto, não quis comentar a denúncia da APN nem adiantar se está prevista a contratação de mais profissionais da área da nutrição, para os Centros de Saúde do distrito vila-realense.
No documento divulgado pela associação nacional e segundo dados da OMS, prevê-se que “em 2025, 50 por cento da população mundial seja obesa. Em Portugal, os números revelam que 32 por cento das crianças com idades entre os sete e os nove anos apresentam excesso de peso, sendo 11 por cento obesas. Na idade adulta, os indicadores apontam para 50 por cento da população com excesso de peso, o equivalente a 3,7 milhões de adultos, sendo 15 por cento obesa, o equivalente a 850 mil adultos obesos”.
Os nutricionistas advertem, ainda, para o facto de a obesidade constituir um enorme problema de saúde pública e ter consequências económicas bastante elevadas para o país. Dados de 2002 revelam que os custos da obesidade, directos e indirectos, custam ao país quase 500 milhões de euros/ano”.
“É premente a introdução de nutricionistas, nos Centros de Saúde, profissionais que têm um papel preponderante no combate à doença do século e na prevenção de novos casos. Uma medida simples, com um alcance preventivo que ajudaria a inverter a tendência da obesidade, quer da população portuguesa, quer ao nível das despesas do Estado com a Saúde”, concluem, no mesmo documento.
Maria Meireles