No dia em que foi inaugurada a Ponte Internacional sobre o rio Pequeno, que liga Chaves a Verín (Espanha), João Batista, presidente da Câmara Municipal flaviense, apelou ao Governo português para que não introduza portagens na Auto-estrada 24 (A24), alegando que se trata de uma questão de “justiça”.
Segundo o autarca, a população transmontana esperou demasiado tempo para usufruir de “acessibilidade dignas” e por isso deve ser compensada, ficando isenta, pelo menos por mais dez anos, de uma medida que poderá ser alargada às auto-estradas de toda a região Norte.
Concluída em 2007, a A24, hoje considerada “essencial para a competitividade” da região, deu no sábado mais um importante passo ao ver, finalmente, aberta a sua ligação ao país vizinho, mais exactamente à A75, via espanhola desde a fronteira até Verín.
Do lado espanhol, alguns responsáveis também alertaram para os reflexos que a medida poderá vir a ter na circulação automóvel, como foi o caso de José Ramon Barreal, responsável pela corporação de bombeiros de Ourense, que considera que se as auto-estradas portuguesas forem pagas o tráfego entre os dois países poderá retrair–se e levar os automobilistas a optarem mais pelas estradas nacionais.
A polémica já foi mesmo alvo de notícia num jornal da Galiza, que considera que as novas portagens portuguesas vão prejudicar aquela região espanhola, e representar um entrave ao turismo.
A inauguração da ponte foi presidida pelo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça, e pelo seu homólogo espanhol, o ministro do Fomento, José Blanco.
Construída entre as localidades de Vila Verde da Raia (Portugal) e Feces de Abaixo (Espanha), a ponte internacional liga as auto-estradas A24 (Viseu/Chaves) e a A75 (fronteira/ Verín), que depois faz a ligação à A52 (Vigo/Madrid).
Num investimento conjunto de 2,3 milhões de euros, com uma comparticipação portuguesa de mais de 838 mil, de realçar que ao Governo espanhol coube ainda a construção da auto-estrada A75, orçada em 59,5 milhões.
Todo o processo de construção da ponte, desde a execução do projecto de construção até à execução e direcção da obra, passando pelo lançamento do concurso e adjudicação, coube às autoridades espanholas na sequência de um acordo firmado, em 2002, aquando da realização da Cimeira Luso-Espanhola de Valência.
Para António Mendonça, a nova via é mais um passo no esforço do Governo para “ultrapassar a interioridade”, ao “melhorar as relações entre as pessoas e as actividades económicas” das duas regiões.
Esta é uma via muito “importante para a economia dos dois países e vai facilitar a circulação de mercadorias”, sublinhou José Blanco, confirmando que a fronteira flaviense é a quarta com maiores índices de passagem de transportes de mercadorias.
Considerando que através de melhores acessibilidades é possível reforçar o vínculo entre Portugal e Espanha”, o ministro do Fomento defendeu que “a união é o caminho indicado” para ultrapassar o momento de crise vivido nas duas nações.