Exactamente uma semana depois de terem entrado em funcionamento as Equipas de Intervenção Permanente (EIP), Manuel Martins, presidente da Câmara Municipal de Vila Real, visitou as equipas das corporações da Cruz Verde e Cruz Branca, onde deixou a certeza de que, apesar das dificuldades financeiras, a autarquia “nunca vai recuar” no apoio concedido aos soldados da paz.
Orçada por ano em 70 mil euros, metade das despesas com as EIP são assumidas pela autarquia. Em Vila Real, o cenário não é diferente sendo que, a funcionar em cada das corporações da cidade, as equipas estão em acção desde o dia 1 de Julho, altura em que se deu início à fase Charlie, a fase de maior risco de incêndios florestais.
“Esta foi uma medida acertada do Governo”, reconheceu Manuel Martins, deixando no entanto a advertência de que, “mais cedo ou mais tarde, terão que ser as autarquias a assumir a totalidade dos custos das equipas”, uma situação que não incomoda o autarca vila-realense.
Apesar da “caída drástica de receitas do Município”, Manuel Martins deixou a garantia que o apoio às corporações “não vai deixar de existir, pelo contrário é para reforçar sempre que possível”. “Quando eu cheguei à Câmara, há 15 anos, os bombeiros recebiam zero”, recorda o edil, contabilizando que hoje, com um subsídio anual de cerca de 60 mil euros, mais os 35 mil euros que garantem metade do orçamento da EIP e com uma série de apoios pontuais concedidos, por exemplo, para aquisição de equipamento ou pagamento de serviços, a Câmara Municipal entrega a cada uma das corporações mais de 100 mil euros por ano.
“Reconheço que precisávamos dar mais, mas não conseguimos fazer milagres”, lamentou o mesmo responsável político.
Apesar das equipas estarem a funcionar apenas há uma semana, Álvaro Ribeiro, comandante da corporação da Cruz Verde, faz já um “balanço positivo” da sua actuação. “Quando a Associação decidiu fazer a candidatura em conjunto com a Câmara Municipal e com o apoio da Autoridade Nacional de Protecção Civil, tinha como perspectiva tornarmo-nos capazes de servir melhor, um objectivo que foi conseguido”, explicou o comandante.
“Hoje, próximo das nove horas, houve uma sequência de três pedidos de emergência pré-hospitalar, os três foram satisfeitos” graças à EIP, garantiu Álvaro Ribeiro revelando que, por exemplo, nos casos de assistência pré-hospitalar, a actuação deve ser logo nos primeiros minutos, não se pode esperar para reunir pessoal, só assim se pode garantir um bom serviço.
Mas o comandante deixa uma crítica ao facto de, na altura das férias dos seus elementos, ou seja, durante quatro meses, a equipa vai funcionar apenas com quatro elementos, isso porque o “elemento que está de férias não é substituído”.
Mas, a equipa da Cruz Branca tem uma diferença em relação a todas as outras criadas ao nível do distrito, é a única que conta com um elemento feminino. “Gosto muito de ser bombeira, por isso pensei que podia aproveitar a oportunidade”, explicou Juliana Alves Borges, de 21 anos, dois dos quais dedicados já à corporação enquanto voluntária.
Estudante de enfermagem, Juliana quer acabar o curso depois de pedir transferência de Chaves para Vila Real, mas para já vai dedicar–se exclusivamente à EIP e, “se puder”, no próximo ano vai manter a “profissão” de bombeira assalariada.
“Sou tratada com igualdade, damo-nos todos muito bem”, referiu a bombeira que, apesar do que se poderia imaginar, foi a primeira da família a transformar-se em “soldada da paz”.
“Tivemos 11 candidatos. A selecção teve como base diversos parâmetros, entre os quais aspectos de ordem física, conhecimentos e a formação”, revelou Álvaro Ribeiro, explicando que Juliana Borges “concorreu e conseguiu ficar classificada para integrar a equipa”.
Considerando que as mulheres “podem ter um desempenho igual ao dos homens, o comandante garante que a bombeira “se adapta muito bem às exigências e está completamente integrada”.