À semelhança de várias autarquias de Norte a Sul do país, a Câmara de Vila Real já tem preparado um plano de contenção que vai permitir reduzir em 500 mil euros as despesas correntes do município.
A intenção foi anunciada por Manuel Martins, presidente da Câmara Municipal, no dia 20, à margem da comemoração do 85º aniversário da elevação de Vila Real a cidade, altura em que adiantou que a redução das despesas vai incidir sobretudo na retenção das obras projectadas com investimento exclusivo do município, avançando apenas aquelas que têm financiamento garantido.
O autarca adiantou ainda que no plano de contenção está incluída também uma quebra dos subsídios a transferir às instituições do concelho, à excepção daqueles destinados ao apoio a crianças e idosos.
No seu discurso, onde tradicionalmente o autarca “presta contas” do exercício da Câmara no último ano, Manuel Martins passou em revista os investimentos feitos, os que estão em curso actualmente e os que são considerados como fulcrais para o desenvolvimento sustentável do concelho, assumindo, no entanto, como actual prioridade do município “a manutenção” do que Vila Real conquistou até agora. “Neste momento, o importante é conservar o que temos, é garantir a qualidade de vida a que os cidadãos estão habituados”, revelou o mesmo responsável político, reconhecendo que será necessário fazer uma adaptação dos serviços prestados.
“Sabemos bem o caminho a seguir para que o futuro ganhe contornos mais animadores”, garantiu Manuel Martins que, como prometeu, “não vai baixar os braços”, pelo contrário, “mais do que nunca”, vai continuar “a defender Vila Real”.
O Social-democrata é peremptório ao apontar o dedo ao Governo como responsável pela crise vivida no concelho, e enumera as várias medidas socialistas que levaram à situação mais delicada em que se encontra a autarquia. A redução das transferências do orçamento de Estado para as autarquias e a discrepância entre os calores atribuídos, é umas das críticas de Manuel Martins. Afinal, “como é possível que um município como Montalegre, que tem um quinto da população de Vila Real receber mais cerca de 1,5 milhões” que a capital de distrito?!
Graças a “uma lei das finanças locais mal feita”, em 2008/2009, “foi-nos retirados 9,4 milhões de euros, o que dava para pagar, até o final do ano passado, toda a dívida da Câmara”, garantiu.
A transferência de competências do Estado para as autarquias sem um devido acompanhamento financeiro, o atraso do “famigerado” Quadro de Referência Estratégico Nacional, e o aumento dos pedidos de apoio social pelas famílias carenciadas na sequência do agravamento da crise, são algumas das razões enumeradas para a “limitação” financeira.
Entre os projectos em curso destacados por Manuel Martins, um mereceu especial atenção, a construção do Pavilhão Desportivo, que “deve ficar concluído em Setembro e ser inaugurado em Outubro”. “Já temos financiamento aprovado a construção da Central de Transportes”, uma obra incluída num orçamento total de mais de 4,8 milhões de euros, para o chamado complexo do Seixo, e que poderá estar no terreno ainda este ano.
À semelhança do seu discurso do ano passado, numa espécie mesmo de “dejá vu”, o autarca focou a criação da Zona Empresarial do Norte e do Parque de Ciência e Tecnologia como principais desígnios para o futuro.