Até ao início de Abril deverá estar no terreno as primeiras iniciativas do projecto da Câmara Municipal de Vila Real “Proteger é conhecer” que, com um apoio financeiro Programa Operacional Regional do Norte, vai investir 1,7 milhões de euros na preservação da biodiversidade do concelho.
Tendo como parceiros públicos e privados, entre outros, o Núcleo Regional de Vila Real e Viseu da Quercus, a Associação Parques com Vida”, o Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a autarquia prevê o desenvolvimento “de quatro grupos de acções já programadas, que vão desde a investigação e monitorização das espécies e habitats das áreas classificadas, passando pela implementação de medidas efectivas de gestão da preservação dos habitats e espécies, até à promoção da biodiversidade e dinamização da comunicação com a sociedade vila-realense”, explicou Miguel Esteves, vereador da Câmara Municipal de Vila Real responsável pelo pelouro do ambiente.
Na área da monitorização e divulgação das espécies está prevista a criação da Estação da Borboleta Azul (espécie em vias de extinção existente no Parque Natural do Alvão – PNA) e de um Centro de Monitorização das espécies piscícolas.
“Pretendemos montar um sistema de monitorização da biodiversidade e do estado dos cursos de água” e, ao mesmo tempo, “desenvolver acções inovadoras de acompanhamento dessas espécies”, explicou o mesmo responsável, referindo, por exemplo, a instalação de câmaras subaquáticas que enviarão imagens para o centro de monitorização dos rios, um espaço que inicialmente seria construído de raiz no Complexo Desportivo de Codessais, mas que, devido à falta de financiamento, será criado num edifício já existente.
Miguel Esteves revelou que a gestão da preservação dos habitats vai ser direccionada para algumas espécies em risco de extinção, como as lontras ou os morcegos, tendo em vista, por exemplo, “a diminuição da mortalidade acidental, a promoção de práticas agrícolas amigas do ambiente, o controlo de espécies exóticas e infestantes e o repovoamento das autóctones”.
No âmbito da divulgação e da promoção da biodiversidade, o projecto “Proteger é conhecer” vai organizar as “Rogas dos rios”, uma iniciativa que vai envolver a sociedade civil na limpeza das margens ribeirinhas, estando previsto mesmo a criação de um banco de voluntariado ambiental.
Promover acampamentos ecológicos e visitas guiadas a bio-percursos, são outras acções idealizadas pela autarquia que vai ainda criar o “biomóvel”, um veículo que irá “percorrer o concelho com um laboratório móvel dedicado à biodiversidade”, estreitando assim a relação entre a população e a protecção ambiental.
“Um dos elementos-chave deste projecto é a comunicação com o público”, defendeu o vereador, revelando que, nesta área, o objectivo é descodificar as mensagens de carácter científico, tornando-as mais acessíveis ao público em geral, de modo a que “todos os habitantes conheçam e dêem valor ao vasto e variado património natural existente no território” vila-realense.
Ainda no âmbito do “Proteger é conhecer”, a autarquia vai constituir um “Fundo para biodiversidade”, uma bolsa financeira que contará com a participação dos vários parceiros privados e que permitirá a continuidade do projecto para além dos seus dois anos de implementação.
Mais, o projecto pretende ainda envolver o sector da restauração, atribuindo um selo de qualidade aos restaurantes que, por exemplo, consumam carne de produtores certificados ambientalmente, ou seja, criadores que respeitem um conjunto de regras ao nível da pastorícia de forma a proteger os lameiros onde a borboleta azul faz a sua procriação.
Ao nível da protecção da biodiversidade, a Câmara Municipal vai também arrancar com o “SeivaCorgo”, um projecto que prevê monitorização e a protecção da fauna e flora do Rio Corgo.
“Estes projectos foram aprovados com distinção e mérito”, sublinhou Miguel Esteves, lembrando que “não é muito usual os municípios envolverem-se directamente na preservação da biodiversidade”.