A Casa das Gerações é um dos projetos emblemáticos que a câmara de Boticas irá recuperar no próximo ano, que servirá para escoar os produtos do concelho, que é caraterizado por uma agricultura de minifúndio e de pequenas quantidades, pelo que a ideia passa por criar dimensão para facilitar o escoamento, como nos explicou o presidente da autarquia, Fernando Queiroga. “Queremos valorizar a nossa agricultura e dar o apoio necessário aos nossos agricultores para que continuem a produzir o que tão bem sabem produzir, como a carne barrosã ou o mel, para que continuem a fixar-se cá e tenham dinâmicas económicas”.
Será um espaço que terá uma incubadora de empresas e uma plataforma logística para a concentração e comercialização dos produtos dos agricultores do concelho.
Este é um dos projetos previstos no Orçamento para 2018, que contempla uma verba na ordem dos 11 milhões de euros que já foi aprovado em assembleia-municipal. “É rigorosamente o mesmo valor do que no ano passado”, sublinha o autarca do PSD, que venceu as últimas eleições com 76,18 por cento dos votos, conquistando todos os cinco mandatos.
Outro investimento significativo, no valor de 1,2 milhões, é a colocação de lâmpadas led na iluminação pública de todo o concelho, em que a autarquia vai recorrer a um empréstimo de 600 mil euros. O restante valor será suportado por verbas próprias da autarquia. “Durante seis a sete anos estará pago e teremos reduzir na fatura na ordem dos 70 por cento”, realça Fernando Queiroga, adiantando que os apoios sociais continuarão a ser uma aposta, como têm sido até aqui. “É um valor na ordem de meio milhão. Há quatro anos consecutivos que somos uma das 30 autarquias familiarmente responsáveis, em que apoiamos as crianças, os jovens e os seniores”.
Entre os projetos a concretizar em 2018, o autarca destacou ainda os apoios à promoção do turismo, à educação e às juntas de freguesia, que “estão mais próximas das pessoas e são um elo importante de ligação aos nossos munícipes”.
Boticas foi também um concelho muito afetado pelos incêndios florestais, em que a autarquia tem disponível três milhões de euros aprovados para os conselhos diretivos dos baldios fazerem a reflorestação. “São cerca de dois mil hectares que arderam, mas, infelizmente, a câmara se quiser reflorestar a área ardida não consegue lá colocar uma planta, porque a gestão florestal não é da câmara, está entregue a privados e aos conselhos diretivos”, referiu, acrescentando que cabe ao Governo legislar sobre essa matéria e espera que “tudo se altere depois de um ano trágico ao nível dos incêndios”. “Não são medidas avulsas que vão resolver o problema. Temos capacidade de endividamento e se for necessário recorreremos à banca para proteger uma das fileiras que já foi muito importante para o concelho e onde se poderá criar empregos”.
O presidente disse estar com “muita expectativa” de que o Governo transfira para as autarquias as competências para a gestão florestal.
A seca também afetou Boticas, em que algumas nascentes chegaram mesmo a secar. Mas como não há “varinhas mágicas” para solucionar este problema, Fernando Queiroga revela que estão a proceder à requalificação de algumas reservas de água, que estão obsoletos. “Estamos a melhorar as redes para diminuir as perdas, mas temos um diferendo que temos de resolver com as Águas do Norte, em que esta empresa não está a fornecer uma gota de água ao concelho e está a enviar as faturas mensalmente por causa dos consumos mínimos. Isto é uma aberração e temos a correr um processo em tribunal”.