Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
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Autarquia vai investir 1,7 milhões de euros no Bairro dos Ferreiros

Enquanto algumas memórias se esvanecem com o ‘adeus’ dos seus moradores, outras estão prestes a nascer com o início de novas histórias de vida para o Bairro dos Ferreiros. Pelo menos, é esse o objectivo da autarquia ao investir na reabilitação de 15 edifícios que serão arrendados a famílias carenciadas do concelho.

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A Câmara Municipal de Vila Real vai investir 1,7 milhões de euros na reabilitação de 15 edifícios devolutos do Bairro dos Ferreiros, uma intervenção que vai permitir a criação de 19 focos de habitação social.

Depois da reabilitação de que o Bairro foi alvo no âmbito do Programa Polis, com a requalificação de passeios, vias, iluminação pública e equipamentos colectivos, o núcleo urbano junto ao Rio Corgo, denominado inicialmente de Bairro de Santa Margarida (mas que graças a proliferação, há dezenas de anos atrás, de estabelecimentos comercias de ferreiros, ficou conhecido como Bairro dos Ferreiros) vai agora ver 19 edifícios recuperados em duas fases de intervenção.

“O bairro está um pouco despovoado”, reconheceu Dolores Monteiro, vereadora da Câmara Municipal de Vila Real lembrando que, depois de muitas famílias terem deixado, ao longo dos anos, as suas habitações, poucas foram as pessoas que apostaram na sua aquisição.

Para dar uma nova vida ao Bairro dos Ferreiros, a autarquia vai alugar as casas reconstruídas a famílias carenciadas, um processo que vai permitir que a autarquia dê ainda resposta às necessidades ao nível do aumento dos pedidos para habitação social. “Não vamos criar um gueto com a criação de um bairro social, mas sim dar uma nova vida àquela zona”, garantiu a mesma responsável.

Numa primeira fase do projecto, serão reconstruídos sete edifícios e criados nove apartamentos, sendo que as obras deverão ser entregues, por ajuste directo e de acordo com os trâmites da lei, a empreiteiros locais, o que permitirá também a revitalização de pequenas empresas do concelho e a criação de postos de trabalho.

Actualmente, a autarquia tem 200 famílias em lista de espera para uma habitação social, das quais 50 são consideradas como prioritárias, um número que, segundo Dolores Monteiro, tem vindo a crescer como uma das consequências da crise económica. “Os casos são analisados um a um”, garante a vereadora, contabilizando que a autarquia conta actualmente com perto de 800 habitações sociais nos seus quatro bairros sociais (Araucária, Bairro São Vicente de Paula, Parada de Cunhos e Vila Nova), sendo de realçar que estão em cursos vários processos judiciais de despejo para que sejam resgatados apartamentos que, há anos, são utilizados por inquilinos de forma ilegal, ou seja, que estão subarrendados, não são considerados como primeira habitação ou estão mesmo fechados.

No Bairro dos Ferreiros a recuperação das habitações ainda “passa ao lado” dos vila-realenses que lá vivem, a maioria com idade muito avançada. “Agora a maior parte das pessoas são idosas”, reconheceu, ao Nosso Jornal, Artur Correia que, com 55 anos de idade, nasceu, cresceu e criou os seus filhos na mesma habitação, o número 51 da Rua do Corgo.

Entre histórias, como a do vizinho que foi dado como morto e acordou na morgue, os dias passados a percorrer a rua, de braseira em braseira, os convívios na sede do Bairro Latino (clube que durante muitos animou a juventude do Bairro dos Ferreiros e que há cerca de quatro fechou portas) e as sessões de filmes quando ainda só havia a televisão da União Artística Vila-realense, várias são as memórias de Artur Correia que, apesar de ter visto os seus irmãos imigrarem, e corroborado pela esposa (que ainda vai lavar roupa ao tanque comunitário), garante que vai continuar no bairro”.

Ao contrário do morador da Rua do Corgo, que ainda tem as memórias bem ‘frescas’ da juventude, Ermelinda da Conceição Varandas, que vive num ‘beco’ um pouco mais acima, já nem se recorda muito bem a sua idade. “Nem sei verdadeiramente, mas devo ter 80 anos”, revela a idosa que apesar de viver sozinha, tem os seus familiares “sempre por perto”.

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