Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2024
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Bacia Hidrográfica do Douro ameaçada pela poluição

A importância dos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) para diminuir ou mesmo evitar os vários tipos de agressões ambientais, preservando a qualidade da água, foi a tónica consensual dum encontro promovido, na terça-feira, pela Administração da Região Hidrográfica, ARH do Norte, I.P. e a Confederación Hidrográfica del Duero.

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Na primeira sessão pública sobre as “Questões Significativas da Gestão da Água na Região Hidrográfica do Douro”, o encontro luso-espanhol, que se realizou na Régua, conseguiu fazer emergir vários problemas ambientais, muitos deles já conhecidos, que afectam o Douro. Neste debate as atenções viraram-se para o troço internacional do Douro em Espanha e para parte do curso nacional. A análise às principais pressões e impactos a que a Bacia Internacional deste rio está sujeita norteou a ordem de trabalhos.

Cerca de meia centena de pessoas marcaram presença na sala do IPTM, sendo que alguns dos intervenientes deixaram no ar algumas preocupações. Um deles foi Rui Cortes, docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. “O Rio Douro apresenta situações preocupantes, associado com o turismo fluvial, em que há mais procura de embarcações de maior calado e com reflexo na erosão das margens. Tem de haver um equilíbrio nesta matéria”.

Para este investigador, “a qualidade de água que vem de Espanha e vai parar às albufeiras do Pocinho e de Miranda do Douro estão poluídas a nível orgânico para além “do estuário manter um nível de eutrofização (um aumento da quantidade de nutrientes e/ou matéria orgânica num ecossistema aquático) pouco aceitável, tendo em conta as estações de tratamento já inauguradas”. Mas, há ainda outros agentes “agressivos” para o Douro, são os areeiros, os esgotos domésticos, a ocupação do domínio público hídrico e as construções estradas e caminhos, junto ao rio”.

Por sua vez, Adriano Bordalo e Sá, docente do Instituto de Ciências de Abel Salazar da Universidade do Porto, realçou a questão da internacionalização poluente do rio. “Ao contrário do que se pode pensar, nem todos os problemas vêm de Espanha. Muitos são geridos por nós. À medida que avançamos para a foz do Douro vai aumentando o número de pessoas e o tipo de poluição altera-se. Passamos de uma poluição agrícola, na zona de entrada em Portugal, e quando vamos descendo melhoramos um pouco, mas volta a piorar a partir de Crestuma, onde aparecem os esgotos urbanos, e quando não há sistemas, tudo vai para o rio. A questão da agricultura, ao nível da estruturação, da disposição dos terrenos e dos regadios espanhóis são outras causas que temos de avaliar”. Para este professor universitário, a solução passa pela adopção de Planos de Gestão que reflictam a realidade aos quais se devem juntar e harmonizar dados reais e não os de gabinetes”.

Já António Gato Casado, presidente da Confederacion Hidrográfica del Duero, mostrou preocupação com a pressão ambiental sobre o rio, principalmente com a utilização de produtos químicos e fertilizantes, mas deu garantias. “O Governo espanhol está a tomar as medidas necessárias nas zonas sensíveis e, nas zonas das barragens, há um tratamento especial das águas residuais. Aliás, estas medidas estão contidas no Plano Nacional de Qualidade da Água de Espanha e demos ao Governo português garantias nesta matéria.

António Guerreiro de Brito, presidente da ARH Norte, fez, em jeito de conclusão, algumas considerações sobre este primeiro encontro. Além dos caudais do rio e da qualidade da água, focou também as infra-estruturas que estão planeadas para a região Norte do Douro, no âmbito do programa das barragens. “As barragens vêm trazer um conjunto de problemas que vamos tentar solucionar. A nossa missão é procurar mitigar estas situações. Há algumas que não são mitigáveis, mas as questões da qualidade da água poderá ser resolvida”. Este responsável está ciente que o Plano de Gestão da Água tem que dar resposta e traduzir-se no Plano de Actividades da ARH Norte, cujo “documento estará aprovado e concluído até final do próximo ano. Um dado revelado por António Brito apontou para a existência de 600 pedidos privados de mini-hídricas nas três regiões hidrográficas (Lima e Ave, Cávado e Leça, e Douro). Numero que considerou um exagero e incomportável “dadas as disponibilidades hidrográficas da região.

No dia 28 de Maio será Valladolid a localidade anfitriã da segunda jornada, que está agendada para as 11h00 (hora de Espanha), no Salón de Actos-Caja Duero.

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