Algumas das zonas de excelência produtoras de vinho letra A de Sobreira e Candedo, integrantes da Região Demarcada do Douro, vão ficar submersas, para sempre, com a construção da Barragem do Tua. Esta realidade está a motivar preocupação, junto de muitos viticultores.
O Movimento “Os Verdes” manteve, recentemente, um encontro informal com a Câmara Municipal de Murça, onde, em cima da mesa, esteve este “dossier”. O assunto foi debatido com o Presidente da autarquia, João Teixeira, por Manuela Cunha, dirigente do movimento. Segundo esta, “os impactos da construção da barragem sobre a aldeia da Sobreira e sobre a freguesia de Candedo e junto da adega Cooperativa de Murça podem ser preocupantes e de vária índole, económicos e sociais, podendo tornar-se, mesmo, dramáticos. E isto não só para os vitivinicultores directamente afectados, mas como também afecta a Adega Cooperativa, acabando por prejudicar todos os sócios e dirigentes da Adega, devido aos investimentos feitos”.
Também a Adega Cooperativa local, apesar desta ainda ter tomado uma posição pública sobre o assunto, a questão da barragem está a ser acompanhada com atenção e numa expectativa activa. O organismo está ciente da importância da “fileira” que as zonas de Sobreira e Candedo têm na produção de vinhos de qualidade, por parte da cooperativa. Esta sensibilidade também foi transmitida, na altura, a Manuela Cunha que, sobre esta matéria e no que diz respeito ao encontro mantido então com João Teixeira, o considerou positivo.
“É sempre bom partilhar opiniões com entidades que têm responsabilidades públicas, mesmo quando não concordamos com essas opiniões, ou, mesmo, divergências de entendimento, no que está em cima da mesa”.
Sabendo do melindre do assunto em debate, a edilidade de Murça também está a acompanhar o processo. Mas recorde-se que, já há dois anos, João Teixeira tinha avisado que a barragem avançaria: “as indemnizações a pagar terão de ser negociadas ao metro quadrado e não ao hectare, como aconteceu, no Alentejo, aquando da construção da barragem do Alqueva. Têm de pagar bem, porque aqui o terreno é de altíssima produtividade” – frisou o Presidente da Câmara Municipal.
Entretanto, aguarda-se, com alguma expectativa, um estudo encomendado pelos cinco Municípios, no quadro da Associação das Potencialidades de Desenvolvimento do Vale do Tua, face a dois cenários: com ou sem Barragem do Tua.
Jmcardoso