Baseando-se em notícias recentemente divulgadas na comunicação social nacional, a deputada na Assembleia da República Catarina Martins, eleita pelo Bloco de Esquerda (BE), pediu, no dia 22, explicações ao secretário de Estado da Cultura sobre a tentativa da CP de pôr à venda no estrangeiro uma composição ferroviária histórica que se encontra estacionada no Peso da Régua.
“Quem impediu a venda em nome da defesa do património português? A Federação Europeia de Caminhos-de-Ferro Turísticos, através de um apelo que lançou aos vários museus para não comprarem o comboio de via estreita estacionado na Régua”, critica a deputada.
O BE sublinha ainda que, “de acordo com a mesma notícia, a Federação considerou escandaloso que a empresa portuguesa pusesse à venda a composição em causa, não só por constituir um património raro, logo a preservar, mas também por estar em óptimo estado. Aliás, devido ao facto de o comboio se encontrar operacional estava já destinado à Linha do Vouga”.
“Ao que parece a iniciativa é da CP Frota, que gere o material circulante, tendo a unidade enviado um e-mail a várias entidades estrangeiras solicitando que estes propusessem o preço correspondente”.
No requerimento apresentado na Assembleia da República, a deputada bloquista classifica ainda como “insólito” o facto de ter sido a Federação a comunicar ao Museu Nacional Ferroviário Português a tentativa de venda, “o que só permite deduzir a clara intenção de colocar este património nacional fora do país”.
Considerando que a situação está “envolta em factos no mínimo estranhos”, o BE quer saber se o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, “tem conhecimento desta tentativa de venda por parte da CP Frota da composição ferroviária estacionada na Régua” e “quais os fundamentos da mesma”.
“Considera o secretário de Estado aceitável que seja uma Federação europeia a intervir em defesa do património português já que, no nosso país, a empresa que tutela o material circulante português ignora a função de preservação do mesmo?”, questiona Catarina Martins.
Apesar da empresa de caminhos-de-ferro ter afirmado “que perante esta situação iria então dar prioridade ao museu português na compra da composição em causa”, o museu “alega que já tinha pedido à administração da CP a cedência da mesma”, por isso o Bloco acredita que no processo os interesses do país poderão ter sido “ignorados”.