Os Municípios de Alijó e Foz Côa despediram-se, no dia 10, de mais uma edição da “Bienal Internacional de Gravura do Douro”, um certame de Artes Plásticas, único em Portugal, que, uma vez mais, projectou a região do Douro para uma intervenção cultural já reconhecida, no país e no estrangeiro. Para além de toda a dinâmica cultural criada durante um mês, este evento que, desde 2001, se realiza em Alijó, permitiu ainda reafirmar o Douro como uma região resistente à desertificação do interior, “não baixando os braços, perante a inoperância dos governantes que mais não têm feito senão centralizar, ainda mais, o país”.
Em tempo de balanço, Nuno Canelas, Director do Núcleo de Gravura de Alijó e um dos Comissários da Bienal, referiu que os resultados obtidos permitem reconhecer esta 4.ª edição como “uma das maiores Bienais de Gravura da Europa Ocidental”, uma vez que conseguiu “pasmar e deliciar muitos entendidos que julgavam ser impossível concretizar uma Bienal deste nível, em Portugal e, especialmente, no interior transmontano”.
Na verdade, a iniciativa conseguiu trazer, ao interior, 250 gravuras da autoria de 131 artistas, oriundos de 47 países. Números estes que, segundo Nuno Canelas, “espelham bem a representatividade desta Bienal, a nível mundial”.
A sua crescente qualidade permitiu, este ano, a presença da obra da Paula Rego, de uma exposição do acervo da Cooperativa Árvore e de um “Diálogo” entre Gravura Rupestre e Gravura Contemporânea, resultado da cooperação do Parque Arqueológico do Vale do Côa e do Município de Foz Côa, para além de outras exposições de gravura e outros eventos paralelos ao certame. Nomes como Vieira da Silva, Júlio Resende, José Rodrigues, Albuquerque Mendes, Graça Morais, Ângelo de Sousa, Lima de Freitas, Sá Nogueira, Jorge Pinheiro e muitos outros puderam, numa oportunidade única, serem apreciados, em Alijó.
Apesar do sucesso conseguido, Nuno Canelas considera que existe ainda um largo caminho a percorrer, pela organização, nomeadamente no sentido de conferir ao principal espaço físico da exposição um melhor tratamento, pois “tratando-se de um pavilhão gimnodesportivo, carece de algumas valências condizentes com as obras expostas”.
Oferecer à Bienal “uma consistente e frequente programação cultural, no espaço envolvente, como, por exemplo, um Festival de Jazz, de Teatro e de Rock”, é outro dos projectos a concretizar, em próximas edições. Dessa forma, pensa a organização conseguir multiplicar a afluência de visitantes, atrair a juventude e dotar os espaços envolventes à Bienal com infra-estruturas de animação cultural diária e permanente.
Mas, as ambições, quanto ao evento, não se ficam por aqui. O alargamento da Bienal a outros pontos do país e, mesmo, do estrangeiro, é um projecto que está nos horizontes da organização. Nesse sentido, serão assinados, futuramente, outros protocolos, à semelhança daquele que resultou da parceria estabelecida com Foz Côa e, designadamente, com os Municípios do Porto, Vila Real, Peso da Régua, Lamego e Tordesilhas, em Espanha.
Ainda assim, é a edificação de um Museu de Gravura Contemporânea, um local por excelência necessário à exposição permanente e arquivo de todo o espólio das Bienais futuras e das realizadas até à data, o objectivo maior de todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, pela organização. Para tal, vai ser dado um primeiro passo, no sentido de convidar vários arquitectos de renome para a execução do projecto que será, posteriormente, candidato, por parte da Câmara Municipal de Alijó, ao Quadro de Apoios Comunitário e Programa Operacional da Cultura.