No dia oito, o Parque Natural do Alvão (PNAl) comemorou o seu 25.º aniversário, uma data marcada pela presença dos seus ex-directores, numa cerimónia presidida por Lágido Domingos, director do Departamento de Gestão de Áreas Classificadas do Norte.
“Vim para Vila Real e a partir de um quarto numa casa que aluguei na Rua Alves Corgo é que começou o grupo de trabalho para a criação do Parque Natural”, recordou Robert Moura, o primeiro director do PNAl, e considerado mesmo “o pai” da zona protegida.
Como recordou, depois de, em conjunto com a esposa, geógrafa de profissão, ter calcorreado a zona do Alvão–Marão, apresentou uma proposta de classificação de uma área de 45 mil hectares, no entanto, nas negociações para a sua instalação o parque acabou por ficar “reduzido ao seu coração”.
Na altura a expectativa de Robert Moura seria a de consolidar a área classificada para depois a alargar, no entanto, “os orçamentos sempre foram muito escassos”. “Tínhamos que dar alguma coisa em troca às populações”, recordou o mesmo responsável fazendo menção aos vários projectos que foram levados a cabo para garantir a qualidade de vida das populações residentes na área do parque, projectos como a pavimentação de Lamas d’Olo, a construção de uma sede para a junta de freguesia local ou a criação de um recreio para a escola primária, entre tantos outros.
“O problema era que ou se ajudava as populações ou se fazia conservação”, recordou o ex-director referindo então que, no balanço da sua passagem pela direcção do PNAl, “na altura, muito ficou por fazer por outras aldeias”.
“Há um trabalho notável que foi feito de preservação de um espaço de grande valor natural e biodiversidade, conjugado com uma grande articulação com as populações, o que é difícil, porque há sempre interesses antagónicos”, esclareceu Lágido Domingos.
Reconhecendo que a aposta na qualidade de vida das populações foi sempre uma aposta, o director sublinha que o Parque Natural do Alvão, à semelhança de outras reservas naturais, “não é uma paisagem mais ou menos selvagem, tem gente que tem que viver neles, gente que preservou esse património até aos nossos dias”.
Sempre a par com as preocupações e trabalhos, ao nível da preservação da biodiversidade, o Parque tem agora novos desafios, o primeiro deles, como reconheceu Lágido Domingos, prende-se com a importância de incluir as autarquias na gestão do PNAl. “Houve uma fase em que as Câmaras Municipais estiveram mais afastadas da gestão deste espaço, agora entendemos que são uma peça fundamental”, revelou o mesmo responsável.
Outro dos desafios para os próximos anos, segundo o director Departamento de Gestão de Áreas Classificadas do Norte, passa pela visitação do Parque. “Quando não estão em grupo, organizados, os visitantes não têm acesso ao conhecimento do especialista, acesso a informações que o público anónimo nem sempre tem. Em segundo lugar a visitação ignora alguns procedimentos que se devem ter com o espaço e as vezes até decorre algumas agressões”, defendeu Lágido Domigos adiantado que o objectivo do Parque é exactamente conhecer muito bem o perfil das pessoas que os visita e promover uma gestão mais eficaz dessa visitação. “Queremos proteger o parque mas também queremos mostra-lo”, concluiu.
“A Serra do Alvão, paredes meias com o Marão, é uma área com formações xistosas de silúrico de grande interesse paisagístico e geológico, cujo fulcro é a queda de água do rio Olo. Estas razões, associadas à abundância e diversidade da avifauna, riqueza e variedade da flora e vegetação e interesse da arquitectura local levaram à classificação”, refere o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade.