Domingo, 3 de Novembro de 2024
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Bombeiros mais que voluntários… solidários

Sábado. Um sol radiante e um calor que convida a momentos de lazer com a família e com os amigos. Mas não para uma equipa de bombeiros da Cruz Branca de Vila Real que, além da sua atividade normal enquanto voluntários na corporação, ainda se entregam de corpo e alma a um projeto que mostra que os soldados da paz não estão presentes apenas nos momentos de aflição…

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A ideia já “surgiu há muito tempo”, foi trabalhada e desde abril que está no terreno o projeto “Bombeiro Herói Solidário”, uma iniciativa de um grupo de jovens elementos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Cruz Branca de Vila Real que faz o acompanhamento domiciliário a mais de três dezenas de utentes que são transportados diariamente pela corporação para consultas e tratamentos.

O serviço habitual prestado pelas corporações passa simplesmente pelo transporte dos doentes de casa até ao local da consulta ou tratamento, e vice-versa, mas os voluntários da Cruz Branca quiseram ir mais longe e proporcionar, de forma voluntária e periódica, um acompanhamento personalizado onde entram os cuidados de enfermagem, o apoio social e psicológico e muita alegria e boa disposição.

“Depois de já ter feito algumas visitas chegámos à conclusão que é muito importante a companhia que fazemos às pessoas”, sublinhou Marli Rodrigues, bombeira impulsionadora do projeto, explicando que os sorrisos com que são recebidos pelos utentes são reveladores da abertura e satisfação das pessoas em os receber.

Além de Marli Rodrigues, atualmente a equipa é composta ainda por António Marques, Daniela Sousa, Sandra Santos, Susana Pereira, Henrique Parente, Juliana Borges, Alexandre Favaios e Márcia Pereira.

Todos os sábados um grupo de quatro ou cinco desses elementos (socorristas, assistentes sociais e enfermeiros, à exceção dos psicólogos que são chamados apenas em casos específicos) desloca-se de casa em casa, cumprindo rotas desenhadas de forma a dar resposta à lista de mais de 30 utentes que são transportados pela corporação. A VTM acompanhou a viagem do último sábado.

A primeira paragem foi na Campeã, na casa de Guiomar Carvalho que, com 60 anos, “para conversar está sempre pronta”. Apesar de poder contar com a companhia das duas netas à noite, depois das aulas, a solidão dos dias, como a própria reconhece, só é quebrada com as idas, três vezes por semana, aos tratamentos de hemodiálise.

Além dos assuntos “sérios”, de procedimentos como a medição da tensão, os conselhos sobre os cuidados de saúde e ouvidas as necessidades da sexagenária, a visita conta com uma outra vertente muito importante, a troca de sorrisos, a cumplicidade entre aqueles que existem para servir e a pessoa que abriu a porta da sua casa para os receber. No final, os bombeiros despendem-se, mas além do sentimento de dever cumprido, levam consigo até o convite para festa dos cinco anos da neta mais nova, “que vai ser em agosto”, como revelou a pequena.

A paragem seguinte foi em Vilarinho de Samardã, onde, com o casal Zaida Ribeiro e António Além, os soldados da paz fizeram uma visita “dois em um”. Mais uma vez, a chegada da equipa foi assinalada com boa disposição e, apesar dos seus mais de 70 anos e da sua dificuldade em andar, Zaida quis receber os bombeiros da melhor forma possível, oferecendo água e bebidas, ao mesmo tempo que apresentava a sua nova neta, recém-nascida, e no decorrer da conversa foi mostrando fotografias de quando era mais nova. Tudo isso sempre intercalado com a sensibilização para as questões de saúde, com os conselhos, com a análise das necessidades da família. No final de cada encontro a equipa faz um relatório que serve de base para novas visitas.

“Queremos passar uma imagem diferente dos bombeiros. O nosso trabalho não é só apagar incêndios”, sublinhou Susana Pereira, enfermeira que aderiu desde o primeiro momento à equipa.

E foi também por isso, para aproximar os soldados da paz à comunidade, que a Associação Humanitária recebeu de braços abertos o projeto que partiu da iniciativa dos bombeiros, como explicou à VTM o comandante da corporação, Orlando Matos. “Precisamos de estar mais próximos das pessoas, porque muitos só pensam em nós nos momentos de aflição”, explicou.

O mesmo responsável referiu que, por outro lado, o comando viu a oportunidade de, através do projeto, “perceber quais as dificuldades e necessidades das pessoas” que a corporação transporta, no sentido de “melhorar o serviço que presta”.

 

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