Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2024
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Bombeiros que resgataram militares receberam medalha de mérito

Seis meses depois de terem arriscado as suas vidas pelo próximo, os dois bombeiros da Cruz Branca falaram ao Nosso Jornal, e pela primeira vez publicamente, sobre o resgate dos dois militares. “Não somos heróis, esta medalha é o reconhecimento do trabalho de toda uma equipa”, garantem os dois soldados da paz.

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Os dois bombeiros da Cruz Branca de Vila Real que resgataram de uma ravina numa gelada noite de Dezembro os dois militares que estavam perdidos em pleno Parque Natural do Alvão receberam, no dia 30, do Ministério da Administração, a medalha de mérito de Protecção e Socorro, no Grau Prata e Distintivo Azul.

Depois da cerimónia realizada por ocasião do Dia do Bombeiro Português, Antero Nunes, de 44 anos, e Paulo Roque, de 37, recordaram, ao Nosso Jornal, a aventura do dia sete de Dezembro do ano passado quando, em condições completamente adversas, conseguiram resgatar com sucesso dois militares que, enquanto faziam o “reconhecimento do terreno para um exercício”, ficaram encurralados no fundo de uma ravina, junto às Fisgas de Ermelo, na serra do Alvão.

“É um grande orgulho”, considerou Antero Nunes, deixando a garantia de que se trata de “uma sensação extraordinária que reforça a vontade de continuar a dar sempre o máximo.

Bombeiro desde os 15 anos, o soldado da paz da Cruz Branca tem mais dois irmãos voluntários na mesma corporação e trabalha com crianças e jovens portadoras de deficiência no núcleo de Vila Real da Associação de Paralisia Cerebral. Já Paulo Roque é bombeiro assalariado, mais exactamente condutor de ambulâncias na Cruz Branca.

A verdade é que, como os próprios recordam, naquela noite de Inverno em que o frio, a chuva e o nevoeiro se juntaram às condições difíceis do terreno, ambos foram “não são heróis”, mas elementos de uma equipa bem-sucedida. “Talvez tenhamos arriscado mais um bocadinho e por isso somos distinguidos, mas toda a equipa merece o reconhecimento, desde o bombeiro que ficou na viatura até ao chefe que está a comandar as operações”, explicou Paulo Roque.

Os dois bombeiros recordam ao pormenor, ‘como se tivesse sido ontem’, aquela madrugada de Dezembro. “Primeiro desci cerca de 200 metros e vi que não estava no local correcto”, recorda Antero Nunes, lembrando que foi depois dessa primeira tentativa que foi pedida a ajuda do pastor para ajudar a localizar o local exacto onde se encontravam as duas vítimas.

“Estávamos a jogar contra o tempo porque eles corriam o grave risco de entrar em hipotermia”, explicou Paulo Roque, o bombeiro que desceu a segunda vez e que primeiro contactou com os militares. “Tínhamos a informação que eles poderiam colaborar no resgate porque tinham alguma formação e até material básico, mas quando chegamos lá a situação era outra. Eles estavam exaustos sem comer e em risco de hipotermia”, daí um deles ter sido içado e apenas o outro ter conseguido ajudar no resgate, subindo uma grande parte dos mais de 100 metros de ravina.

“Durante várias horas, o único contacto entre os bombeiros e as vítimas eram as luzes dos telemóveis”, recordam os dois soldados da paz sobre o cenário de frio, chuva, nevoeiro e terreno muito acidentado e instável no qual tiveram que actuar.

Completamente molhado e desgastado, sentindo cada pequena pedra que batia no capacete como se fosse um grande pedregulho e debatendo-se com o musgo escorregadio que fazia escapar os pés, Paulo Roque admite que em certas alturas temeu que também ele tivesse que ser resgatado. “Foi muito difícil”, explicou.

Elementos da equipa de resgate em grande ângulo, os dois bombeiros lamentam que ainda haja algumas dificuldades para que os soldados da paz tenham acesso à formação especializada, apesar desta, conjuntamente com muito treino, ser imprescindível, tendo em conta que neste tipo de resgates a “tolerância de erro é zero”.

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