Só este ano, o programa de incentivo à natalidade “Enxoval do Bebé” já entregou 26 mil euros aos 26 bebés que nasceram na vila de Boticas, mais dois do que no ano passado. O programa pretende ser um incentivo à natalidade, atribuindo mil euros por cada criança nascida no concelho, assim como um subsídio mensal de 50 euros até aos três anos.
A entrega decorreu na manhã de segunda-feira, altura em que o presidente da autarquia, Fernando Queiroga, referiu que estes apoios são uma “pequena ajuda” para as famílias fazerem face às despesas acrescidas que têm com o nascimento de um filho. “Sempre apostamos nas questões sociais e se tiver de deixar de fazer uma obra em detrimento de apoios sociais, não tenho problema em colocar à frente as pessoas”, sublinhou o autarca, adiantando que a aposta passa por fixar população e trazer mais gente para o concelho. Uma tarefa que não tem sido fácil, uma vez que apenas o poder local tem trabalhado no sentido de dinamizar as regiões do interior. “Fazemos aquilo que podemos. Damos estes incentivos e tentamos cativar empresas que criem emprego, de forma a fixar aqui a população”. Os resultados estão longe do desejável, por isso o edil sustenta que é preciso que o governo coloque em prática políticas públicas nacionais mais abrangentes de forma a resolver dois problemas, o do litoral, com excesso de população, e o do interior, com a desertificação a ser cada vez mais acentuada. “Deveria existir uma descentralização de algumas empresas para o interior. Só dessa forma havia fixação de gente, porque estes territórios têm melhores condições de habitabilidade do que alguns concelhos do litoral e resolveria o problema de sobrelotação desses concelhos. Mas é necessário haver vontade política para isso”, afirma Fernando Queiroga.
Catarina Mourão, natural de Sapiãos, está desempregada e o marido não tem trabalho fixo, apenas dá uns dias quando o chamam para cultivar algumas vinhas ou terrenos, que faz com a ajuda de um cavalo. Por isso, esta ajuda da autarquia “é bem-vinda”, uma vez que os rendimentos são reduzidos e com este apoio conseguem dar mais aos dois filhos que tem. “Em 2009 tive o primeiro filho e agora tenho o Gabriel. Esta ajuda da autarquia é muito importante para fazer face às despesas mensais, com as fraldas, a alimentação e a roupa, entre outras. Vivemos com algumas dificuldades e este incentivo monetário é uma ótima ajuda. Acho que todas as autarquias deveriam seguir o exemplo de Boticas”, refere esta mãe, que agradeceu ainda ao presidente da câmara por ajudar as famílias.
Outra beneficiária foi Sónia Coelho, que tem dois filhos, mas não crê que as pessoas tenham mais filhos por causa deste incentivo. “É uma pequena ajuda para diminuir as despesas, que são sempre muitas, já que os miúdos estão sempre a crescer e é necessário comprar roupa e calçado. No meu caso, como agora tive um filho, a roupa da minha filha mais velha não serve para o Vasco, que fez ontem dois meses”.
Mais de meia centena de idosos contemplados com apoios
No mesmo dia, mais de meia centena de idosos do concelho recebeu os apoios no âmbito do cartão social. Segundo Fernando Queiroga, este apoio “é apenas um reconhecimento para quem deu tanto ao concelho de Boticas”.
A medida destina-se às famílias mais afetadas pela pobreza e exclusão social do concelho, aos idosos com baixas reformas, aos portadores de deficiência ou reformados por invalidez, tendo em vista a melhorar as suas condições de vida.
O autarca sublinha que seria “mais feliz” se entregasse mais incentivos à natalidade do que apoios ao idosos, mas não depende da sua vontade política. “Não podemos virar as costas a estas pessoas que estão no final da vida e que deram muito a este concelho”.
Esta medida teve “um aumento de 50 por cento” e serve para obter uma série de apoios, dos quais se destacam a redução na tarifa de consumo de água e no pagamento de tarifas de lixo e saneamento, assim como o apoio para realização de obras de reparação e beneficiação da habitação própria e a comparticipação na aquisição de óculos e medicamentos, mediante receita médica, e a ajuda na aquisição de equipamentos e próteses, entre outros.
Para o próximo ano, a autarquia está a preparar uma “almofada financeira maior” para que estes incentivos possam ser aumentados, porque “estas pessoas merecem tudo”, conclui Fernando Queiroga.