Com o objectivo de desenvolver, já a partir de Setembro, o “carpooling”, um grupo de investigadores e alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a estudar a mobilidade dentro do campus e os seus reflexos ambientais, tendo sido já calculado que seriam necessários 2,5 campus, idênticos ao actual em áreas verdes, para dar resposta às emissões de CO2 proveniente da circulação automóvel dentro da academia.
Três mil carros entram diariamente na UTAD, desses, cerca de metade leva apenas um ocupante. Fazer com que a comunidade universitária se una na partilha do meio de transporte individual é o grande objectivo do “carpooling”, um conceito que não é novo mas que o projecto da UTAD quer que ganhe novos contornos.
“Primeiro estamos a tentar perceber como funciona a mobilidade dentro do campus”, qual o principal meio de transporte utilizado, qual o perfil do parque automóvel e que disponibilidade apresenta a comunidade universitária à possibilidade de partilhar as viagens, explicou Luís Ramos, professor do departamento de engenharia e um dos responsáveis pelo grupo de trabalho composto ainda por Ricardo Bento, Sílvia Silva, Miguel Martins, Maria de Lurdes Martins e Marco Teixeira.
Segundo o mesmo docente, o passo seguinte será implementar as plataformas que vão permitir que as pessoas comuniquem entre si e se organizem na partilha das viagens, sendo de realçar, por exemplo, que quatro em cada dez estudantes, se deslocam em viatura própria até ao campus.
Quando os meios de comunicação entre condutores e passageiros estiverem afinados, quer seja via Internet, telemóveis ou outros suportes, os investigadores acreditam que será possível os estudantes organizarem-se de acordo com a sua área de residência ou tendo em conta o facto de pertencerem a um determinado grupo. O objectivo passa não só pela partilha nas deslocações diárias à UTAD, mas também nas viagens ao fim-de-semana, para os alunos que são de fora, e mesmo nas saídas nocturnas até bares e discotecas, estando prevista aqui uma colaboração com a alguns estabelecimentos de diversão.
O docente da UTAD advertiu para o facto de que se não houver um incentivo à partilha das viaturas, as pessoas acabam por não aderir, por isso, ficará a cargo da Associação Académica a animação do projecto. “Pode-se criar, por exemplo, uma espécie de competição entre determinados grupos” unidos por turma, ano, redes sociais, etc., explicou Luís Ramos.
O mesmo sistema de recompensa poderá ser utilizado também com sucesso na desejada replicação do projecto às escolas do Ensino Secundário onde, como sublinhou o investigador, se pode sensibilizar os pais e encarregados de educação, através dos filhos, desde que estes se sintam motivados, e uma forma de o fazer é, por exemplo, calcular a pegada ecológica da mobilidade ao fim de um mês de boleias e premiar os melhores resultados.
Além do projecto que se está a desenvolver no campus, a UTAD é também parceria de uma candidatura que a Câmara Municipal de Vila Real apresentou, no último mês de Maio, ao Programa Polis XXI e que visa, exactamente, melhorar as condições de mobilidade dos cidadãos ao nível do concelho.
Denominado “EcoMobiReal”, o projecto incluiu um conjunto de iniciativa inovadoras que vão permitir aos cidadãos deslocarem-se melhor na cidade e ao mesmo tempo “reduzir as emissões de carbono o que, consequente se reflecte a nível ambiental”, explicou Miguel Esteves, vereador da autarquia responsável pelo pelouro do ambiente.
Um das acções previstas no projecto é a criação de uma “via verde” que vai permitir aos peões deslocarem-se com segurança pelas principais zonas da cidade.
O “Pedibus” é outro dos conceitos que a autarquia quer implementar e que consiste, nem mais nem menos, numa ‘linha de autocarro pedonal’ que ligará vários pontos da cidade às escolas. Um grupo de pais ou voluntários desloca-se a pé a determinadas horas, estabelecidas previamente, e pelo percurso, também ele delimitado, vai recolhendo as crianças que se vão encontrando junto das ‘paragens’, um projecto que o município de Lisboa já tentou pôr em prática.
Outra das muitas vertentes da candidatura passa pelo reforço da confiança dos cidadãos nos transportes públicos através da fiabilidade dos horários e redução de tempos de espera. “Serão instalados GPS nos autocarros e pequenos visores nas paragens vão indicar onde o veículo se encontra e quanto tempo demora”, explicou Luís Ramos, revelando que deste modo melhora-se a eficiência e conforto do serviço e evita-se a ansiedade dos utentes.
Segundo Miguel Esteves o “EcoMobiReal”, cujo resultado da candidatura deverá ser conhecido já em Julho, vai ser monitorizado constantemente para que se possa tirar as conclusões sobre a componente ambiental que lhe está associada.