Para além de certificar os seus serviços, o CAT de Vila Real espera conseguir, em breve, um novo espaço que responda as necessidades do organismo que, só no ano passado, viu cerca de 80 dos seus utentes reinseridos na vida activa e, este ano, já promoveu acções de sensibilização e consciencialização, para mais de mil jovens do distrito.
Encetado no final do ano passado, o processo de Certificação de Qualidade do Centro de Apoio à Toxicodependentes (CAT) de Vila Real deverá ficar concluído, até ao final ano, anunciou José Coelho, Director do Centro, no dia 26, à margem da “II Feira das (In)dependências”.
“O processo está a correr de forma bastante célere e, em vez dos 18 meses, inicialmente previstos, a certificação deverá ficar concluída em 12 meses, o que quer dizer que, antes do final do ano, deveremos ter o CAT certificado”, explicou o mesmo responsável
A iniciativa, dinamizada no âmbito do Dia Internacional de Luta contra o Abuso e o Tráfico Ilícito, contou com a presença de Jesus Cartelle, Director do Centro de Apoio de Rivera, na Galiza (o único, a nível da Europa, que já conta com certificado de qualidade) e auditor externo para a certificação do CAT vila-realense, o qual explicou, ao Nosso Jornal, que este processo traz, como principais vantagens, “ a reestruturação da reorganização dos serviços, proporcionando uma maior eficácia e agilidade e, consequentemente, um melhor atendimento aos cidadãos”, “o reconhecimento e o prestígio da equipa” e “vai servir de incentivo para que outros CAT sigam o exemplo”.
José Coelho explicou que, neste momento, a grande necessidade do CAT é uma nova sede.
“Acima de tudo, é preciso outra estrutura, um espaço que permitia o tratamento mais específico de determinados consumos”, revelou o director vila-realense, explicando que “juntar, num mesmo espaço, jovens consumidores de haxixe com outros utentes, de outras faixas etárias e com outras dependências mais “pesadas, pode ser problemático”.
No ano passado, aquele centro contou com 102 novos doentes e 80 reentradas. No entanto, os números mais estimulantes vão para o sucesso no âmbito do Programa Vida/Trabalho.
“A nível nacional, foi no distrito de Vila Real que o programa teve maior aplicabilidade”, referiu o Director do CAT, contabilizando que cerca de 80 toxicodependentes em recuperação arranjaram emprego, em áreas como a construção civil, a informática, a electricidade, entre outros.
“Ainda não é o ideal, mas, efectivamente, as empresas têm correspondido ao apelo”, revelou a mesma fonte.
O CAT de Vila Real tem desenvolvido um extenso trabalho, no âmbito da prevenção, com a dinamização do Programa Operacional de Respostas Integradas (PORI) que, este ano, já foi responsável pela realização de acções de sensibilização e consciencialização, em vários Municípios, abrangendo mais de mil jovens.
“A prioridade, ao nível na prevenção, vai para os concelhos de Vila Real, Chaves, Régua, Murça e Alijó que fazem parte do corredor do IP4, e, ainda, Boticas, por causa da A7”, referiu José Coelho, esclarecendo que as vias rodoviárias facilitam o tráfico, logo, o aumento da oferta de substâncias ilícitas.
A Feira das (In)dependências decorreu, mais uma vez, no Jardim da Carreira e, para além da participação de várias entidades e associações, “directa ou indirectamente ligadas ao fenómeno da toxicodependência”, como Segurança Social, forças de segurança, Centros de Formação e outras instituições e associações ligadas à juventude, contou com várias actividades culturais, terminando com um tertúlia que reuniu várias entidades da cidade, em torno da discussão sobre a toxicodependência, nomeadamente o Governo Civil, a Comissão de Dissuasão, a Polícia de Segurança Pública, a Polícia Judiciária, a Guarda Nacional Republicana, a Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Câmara Municipal de Vila Real, entre muitas outras.
Maria Meireles