É um novo impulso, para a concretização da Ciclovia do Corgo. Apesar de ainda não estar concluída, passa a figurar na Rede Verde Europeia de Ecopistas. Esta integração potencia o troço desactivado da via-férrea do Corgo, como pólo turístico importante, podendo dar um novo impulso aos projectos das três autarquias envolvidas no projecto: Vila Pouca de Aguiar, Chaves e Vila Real.
No futuro, uma outra porta se abre para a Ciclovia do Corgo. Segundo uma fonte da Rede Ferroviária Nacional, REFER, a sua inserção na Rede Verde Europeia para o Mediterrâneo Ocidental, em criação, permitirá uma articulação com ligações a outros países da Europa. A Rede Nacional de Ecopistas em vias-férreas extintas representa cerca de 710 quilómetros de canais ferroviários desactivados, elegíveis para o respectivo Plano Nacional, sendo que 58 quilómetros, em cinco zonas diferentes, são já utilizados, nessa condição, assumindo a REFER protocolos com Municípios, para o aproveitamento de um total de 449 quilómetros.
Já estão prontos seis quilómetros, no concelho de Vila Pouca de Aguiar
A integração da Ciclovia do Corgo na Rede Verde Europeia de Ecopistas foi bem acolhida pelas três autarquias, principalmente por Vila Pouca de Aguiar, o único Município transmontano que já tem obra feita, com seis quilómetros (entre Vila Pouca de Aguiar e Pedras Salgadas), da antiga linha férrea do Corgo, a serem usufruídos, já, por muitos turistas, facto que leva o Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias, a considerar a ciclovia como “uma iniciativa de sucesso”, dado estar a ser utilizada “por muitas pessoas”.
Para o futuro, a autarquia de Vila Pouca de Aguiar vai estender a ciclovia, em duas direcções. Uma vai avançar, para norte, entre Pedras Salgadas e Sabroso de Aguiar e a outra, para sul, até Tourencinho, no limite do concelho. Esta nova visibilidade da Ciclovia do Corgo, agora em rota europeia, poderá arrastar até si milhares de turistas entusiastas das ecopistas. Assume, assim, relevo, na área do Municipio de Vila Pouca de Aguiar, o aproveitamento da Estação de Pedras Salgadas e a da própria sede do concelho. Aqui, foi feita uma obra “de se lhe tirar o chapéu”, dado o magnífico trabalho de recuperação realizado e o conteúdo funcional do espaço (a Casa da Cultura aguiarense). Também o antigo apeadeiro de Tourencinho já foi reabilitado, acolhendo a Associação Cultural e Desportiva “Os Tourencius dos Xudreiros”. Já o apeadeiro de Nuzedo foi entregue ao Conselho Directivo de Baldios e terá um ponto de água que serve de apoio aos utilizadores da ciclovia.
Vila Real e Chaves ainda não concretizaram os seus projectos
Para o facto de, dos setenta quilómetros desactivados, apenas seis estarem a ser utilizados como ciclovia, concorre a circunstância de as Câmaras Municipais de Vila Real e Chaves ainda não terem concretizado os seus projectos. Para o futuro, a Ciclovia do Corgo estará articulada com todas as Ecopistas/Corredores Verdes, outras rotas, itinerários, circuitos, acessibilidades e potenciais zonas de interesse turístico da Europa.
De referir que a Rede Ferroviária Nacional pretende que o próximo período de programação comunitária (2007-2013) represente uma possível oportunidade de apoio ao desenvolvimento de uma rede de Ecopistas/Corredores Verdes, no país. Saliente-se que as Ecopistas (onde se inserem as ciclovias), designação, em Portugal, para Vias Verdes, são vias de comunicação autónomas, reservadas às deslocações não-motorizadas, realizadas num quadro de desenvolvimento integrado que valorize o meio ambiente e a qualidade de vida. Ao mesmo tempo, devem cumprir as suficientes condições de largura, inclinação e qualidade da superfície, de forma a garantir uma utilização, em convivência e segurança, por parte de todos os utentes, independentemente da capacidade física dos mesmos. Por conseguinte, a utilização dos caminhos, canais e vias ferroviárias desactivadas constitui um suporte privilegiado, para o desenvolvimento das Vias Verdes.
UNICER e QREN
irão potencializar ciclovia, no concelho flaviense
O Presidente da Câmara Municipal de Chaves, João Baptista, adiantou, ao Nosso Jornal, o ponto da situação, relativamente ao troço entre Pedras Salgadas e a cidade flaviense. Para esta distância, o autarca flaviense deu a conhecer três fases. A primeira, “a mais prioritária”, compreende o percurso entre Pedras Salgadas e Vidago.
“É uma obra que está dependente do ritmo da intervenção em curso, promovida pela UNICER, na instalação dos seus «pipelines». Julgo que, depois de concluída a intervenção, a ciclovia deverá também estar operacional”.
João Baptista não quis adiantar a possível data de abertura do troço da ecopista, mas considerou que “em 2009, deverá abrir ao público”. Depois, o edil enunciou os restantes dois troços. O primeiro, entre Chaves e Vidago, e, depois, a ligação a Verin.
“Para estes dois troços, vamos apresentar uma candidatura às verbas do próximo QREN que contemplará estes dois segmentos”.
A internacionalização da Ciclovia do Corgo será uma realidade, com a ligação de Chaves a Verin. Aliás, mesmo no próprio Polis de Chaves, está prevista a construção de dois corredores verdes, de 3,5 quilómetros, em ambas as margens do rio Tâmega.
João Baptista disse-nos, ainda, que “a ciclovia será uma mais-valia turística que irá conter, ao mesmo tempo, várias estruturas de apoio, sendo caracterizada por troços temáticos, incluindo, mesmo, os concelhos vizinhos de Boticas, Montalegre e Valpaços, aproveitando, também, as estações e apeadeiros encerrados”.
Em Vila Real, trabalhos poderão arrancar ainda este ano
A inserção da Ciclovia do Corgo na Rede Europeia de Ecopistas Verdes agrada à Câmara Municipal de Vila Real. Esta edilidade já aprovou, por arrendamento à Rede Ferroviária Nacional, o troço da antiga Linha do Corgo, entre a estação de Vila Real e o limite do concelho. São cerca de dezassete quilómetros que serão adaptados a ciclovia. O troço é cedido por vinte e cinco anos, renováveis por períodos sucessivos de cinco anos, no caso de não serem negociados.
A Câmara Municipal de Vila Real vai pagar de renda 4.507 euros, verba sujeita a actualização, a partir do sexto ano.
Neste troço da ecopista, as obras ainda não se vêem, mas, segundo a autarquia, os trabalhos deverão arrancar, ainda este ano, para ficarem concluídos ao longo de 2008.
José Manuel Cardoso