Sábado, 18 de Janeiro de 2025
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“Compre diretamente a quem produz”

O Mercado Municipal de Chaves voltou a abrir numa iniciativa em que o município pretende aproximar os pequenos produtores e consumidores, e contribuir para o escoamento dos produtos locais.

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Desde 11 de março que o Mercado Municipal de Chaves estava encerrado, numa medida de prevenção à propagação do Covid-19. Um mês depois, a autarquia flaviense decidiu reabrir o mercado com um espaço dedicado aos produtores agrícolas do concelho onde podem escoar o seu produto e os consumidores comprar diretamente a quem produz. 

José Capela é produtor de hortícolas e no dia da reabertura, e respeitando todas as medidas de precaução recomendadas, fez questão de marcar presença, porque “os dias anteriores não foram fáceis”. “A produção caiu muito e a maioria foi para o lixo, porque não tínhamos como o escoar”, referiu o vendedor, que todas as quartas-feiras expõe as suas hortícolas na banca do Mercado Local de Produtores. 

O espaço criado pelo município no Mercado Municipal vai estar aberto de segunda a sexta, das 9h às 13h, mas José Capela “já disse aos responsáveis” que não poderá estar todos os dias no local. “Vim hoje por causa da abertura, mas de hoje em diante só estarei aqui às quartas-feiras, como é habitual, porque nos outros dias tenho que trabalhar no campo”. 

A notícia da reabertura do mercado foi vista com bons olhos por aqueles que, fiéis clientes, retomaram este hábito, para ajudar os produtores locais. “A reabertura é boa, isto não pode parar e eles precisam vender a mercadoria. O dinheiro não cai do céu e se eles não trabalharem e venderem, não comem e nós também não”, referiu Manuel da Costa, também ele proprietário de uma pastelaria na cidade e que está encerrada há quase um mês. “Queria ver se no final do mês consigo pôr aquilo a trabalhar e se vou ter clientes”. 

Otávio Marques também concorda com a decisão da autarquia em reabrir o espaço “desde que se mantenham as distâncias e as precauções devidas”. Diz que apenas sai de casa “para fazer as compras ou ir à farmácia” e decidiu entrar no mercado para combater o poderio das grandes superfícies.  

Os flavienses têm novamente ao dispor fruta, hortícolas e legumes frescos todos os dias, e a oportunidade de comprarem diretamente a quem produz e, assim, contribuir para o escoamento da mercadoria dos produtores locais. 

 José Capela

Produtor

"A produção caiu muito e a maioria foi para o lixo porque não tínhamos que o   escoar”

 

 

 Manuel Da Costa

 Cliente

 "O dinheiro não cai do céu e se eles não trabalharem e venderem, não comem e   nós também não”

 

 

 Otávio Marques

 Cliente

 "Desde que se mantenham as distâncias e as precauções devidas, acho bem que     tenha reaberto”

 

 

SABORES DO ALTO TÂMEGA

Muito antes de o município decidir reabrir o Mercado Local de Produtores, Gil Martins criou um grupo no facebook com o objetivo de “dar um empurrão” aos negócios locais, ligados à alimentação. “Criei o grupo para ajudar os produtores locais no escoamento das suas mercadorias. Nesta fase é importante que consigam chegar aos clientes e até então, havia essa dificuldade”, referiu o também produtor agrícola e transformador. 

Gil Martins tem reunido tudo o que é empresas ligadas ao setor agroalimentar da região e devidamente instaladas, cumprindo a legislação portuguesa, que a partir da plataforma “Sabores do Alto Tâmega” tem conseguido escoar os seus produtos e fazer negócio de forma diferente. “Nesta fase do covid-19 é importante que os produtores consigam chegar ao cliente e essa dificuldade existia por não haver canais estabelecidos e por não trabalharem o marketing”. 

Na página de facebook, o consumidor encontra um leque enorme de oferta de produtos da região e através de um contacto faz a sua encomenda que, posteriormente, é entregue à porta de sua casa. 

“Tem corrido bem, as pessoas estão a ser proativas e os clientes tem aderido mais aos produtos locais. Para dar um exemplo, já entreguei uma carinha de cogumelos porta-a-porta e na altura da Páscoa, um produtor conseguiu vender 10 cabritos”, referiu Gil Martins, que faz a ponte entre os produtores e o consumidor. 

 

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