A comunidade escolar está a adaptar-se a uma nova realidade cuja gestão, por diferentes razões, não tem sido fácil.
Luís Pinto é professor de Educação Física no Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, em Chaves, e tem três filhos, com 10, 14 e 17 anos, a estudar em diferentes níveis de ensino, em casa, onde a televisão, o computador, o telemóvel e a televisão vão sendo partilhados pelos três.
“Fazer esta gestão não é fácil, já calculava isso, se bem que eu digo aos meus filhos que eles são uns privilegiados, porque têm os meios para fazer face a esta situação.
A partilha é feita também pelo pai que, ao mesmo tempo que os seus filhos estudam, ele próprio dá as suas aulas.
“A maior dificuldade é fazer a gestão da carga horária, porque é muito preenchida. Eles têm o dia praticamente todo ocupado ou com aulas com os professores ou com as aulas através da televisão e depois têm os trabalhos de casa de cada uma das disciplinas”.
O filho mais velho de Luís Pinto está no 11º ano, e é o que está mais “apreensivo” com o seu futuro, uma vez que o Ministério da Educação alterou as datas dos exames nacionais. “Ele estava a ver a vida dele andar para trás. Os alunos não poderão sair prejudicados face a esta situação que estamos a viver, muito menos os do secundário que podem ver o seu futuro condicionado em termos de acesso ao ensino superior”.
Quanto aos outros dois, no 5º e 9º anos, estão mais tranquilos, uma vez que as provas de aferição e finais de ciclo foram canceladas, mas a falta do relacionamento com os colegas e o contacto em sala de aula com os professores “já começa a pesar”.
DE CASA “PARA A ESCOLA”
Luís Pinto está a dar aulas a partir de casa, como milhares de professores por todo o país, mas decidiu usar uma metodologia diferente. “Eu não faço as aulas em direto. Entrego-lhes um plano de aula, faço um vídeo dessa mesma aula e disponibilizo-lhes o link do Youtube, o que lhes permite fazer a aulas as vezes que entenderem. Depois tiro todas as dúvidas através do chat do Moodle”, explicou.
Para o professor de Educação Física, o ensino à distância tem sido um desafio para toda a comunidade escolar e educativa, em que todos “estão a ter um trabalho árduo e a envidar todos os esforços para que isto funcione da melhor forma possível, afinando pormenores que vão surgindo todos os dias”.
A grande preocupação desta nova forma de ensinar prende-se com a dificuldade de chegar a todos os alunos, principalmente àqueles que não têm acesso aos meios tecnológicos. “Nas aulas que tenho dado, a média de alunos é de 7, 8, numa turma de 20, 25. O grande trabalho que temos é tentar chegar a todos os alunos. É complicado. Há famílias em situações precárias, há professores ainda a lidar com estes novos métodos, mas como sempre estamos a fazer das tripas coração e a levar o barco para a frente”, conclui Luís Pinto.