Em resposta à procura dos vila-realenses aos contentores de recolha de roupa e calçado usados, a delegação de Vila Real da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), através de um protocolo de colaboração com a empresa Ultriplo, vai somar mais seis pontos de recepção aos cinco já existentes na cidade de Vila Real.
Ainda esta semana, os novos contentores serão colocados no Campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, junto à sede da Associação Académica (dois), na Avenida D. Dinis, freguesia de Nossa Senhora da Conceição, no bairro da Traslar, na Araucária (próximo à pastelaria Doce Fresco) e na zona Mercado Municipal (junto a um ponto já existente).
Segundo António Vale, vice-presidente para a área financeira, administração e recursos humanos da delegação de Vila Real da CVP, a empresa responsável pela recolha, “feita três vezes por semana”, e pelo tratamento das dádivas, encontra frequentemente os contentores existentes completamente cheios. “Actualmente, a recolha não dá vazão aos donativos e é frequente ver sacos de roupa no chão junto aos contentores”, explicou o mesmo responsável, contabilizando que, semanalmente, são recolhidas mais de quatro toneladas de bens.
António Vale explicou que, desde Março do ano passado, e na sequência do protocolo estabelecido com a empresa Ultriplo, que a delegação tem um mecanismo mais eficaz de tratamento das roupas usadas que a população doa à Cruz Vermelha. Assim, a empresa multinacional, sedeada em Braga, além da recolha selectiva, instalação e manutenção dos contentores, é responsável pela reciclagem da roupa, fazendo uma selecção das peças que são recuperadas e daquelas que são completamente recicladas, sendo que parte fica em Portugal e a restante é vendida para países Árabes ou para Angola. Em contrapartida, mensalmente, a CVP de Vila Real envia uma relação das necessidades da população, com as características específica de cada beneficiário, recebendo depois a roupa reciclada ‘à medida’ e em condições ideais para distribuição entre os mais necessitados.
“Antes éramos nós que fazíamos a triagem”, recorda António Vale, lembrando que, o serviço de reciclagem, muito trabalhoso, acabava por resultar na deposição no lixo de várias peças de roupa que, por se encontrarem em pior estado de conservação, a delegação não tinha capacidade para reciclar.
Apesar do protocolo, a delegação continua a ter um amplo stock, para casos mais urgentes, onde se podem encontrar dádivas mais específicas, provenientes, nomeadamente, de várias empresas de vestuário que encerram ou de lojas que doam peças com pequenos defeitos ou que acabam por serem considerados como ‘fora de moda’, apesar da sua qualidade.
Relativamente à crise vivida à nível nacional, António Vale confirma que têm aumentado o número de pedidos de ajuda na delegação, contando-se hoje 400 famílias que, de forma frequente ou muito esporádica, se dirigem à CVP para pedir apoio, não só no que diz respeito à roupa e calçado mas, sobretudo, a bens alimentares.
“Dificilmente deixamos sair daqui alguém sem levar nada”, garantiu o vice-presidente da Cruz Vermelha, explicando que os serviços da instituição só são possíveis graças à solidariedade “fantástica da população”.
Por exemplo, todas as sextas-feiras, uma equipa da Cruz Vermelha vai ao Continente para recolher os mais diversos bens alimentares, de higiene e limpeza, que já não podem estar na prateleira devido à proximidade da data de validade ou à deterioração das suas embalagens. “Por exemplo, uma embalagem de detergente que acidentalmente é vertida já não pode ser vendida. Ou algumas dúzias de ovos que, apesar de estarem em perfeitas condições de consumo, são substituídos das prateleiras devido à proximidade da data de validade”, exemplificou o mesmo responsável, explicando que os bens perecíveis que têm que ser distribuídos de imediato são entregues às Vicentinas, associação que tem a possibilidade de garantir um serviço diário de apoio aos mais carenciados.
“É maravilhoso ver como as pessoas são solidárias”, mesmo em tempo de crise, constatou António Vale, referindo que, num dia de campanha de recolha de bens em supermercados, anualmente são promovidas três acções, consegue-se reunir mais de três toneladas de alimentos que, apesar da distribuição ser muito selectiva tendo em conta às necessidades de cada família, “desaparecem em pouco mais de 10 dias”.
A Cruz Vermelha faz ainda a gestão e manutenção de um stock especial destinado a situações de calamidade, como aconteceu, há uns anos atrás, com o grande incêndio no concelho de Vila Pouca de Aguiar, em que a delegação foi chamada a prestar apoio alimentar, entre outros, a várias de famílias que ficaram desalojadas.