Terça-feira, 14 de Janeiro de 2025
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Dar música à vizinhança

No edifício Miratâmega, os moradores começaram por ir à varanda para aplaudir quem está “na linha da frente no combate ao vírus”, mas agora fazem-no para ouvir música.

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Todos os dias, e desde que o país está em estado de emergência, às 22 horas em ponto, as portas das varandas dos blocos de apartamentos junto ao rio Tâmega abrem-se para ouvir a música que uma das moradoras dá para a vizinhança. 

Durante 10 minutos, Ana Margarida Alexandre, munida da sua coluna de som de 1000 watts e do seu microfone, anima os vizinhos com um pequeno ‘set’ de músicas, algumas já escolhidas pelos ouvintes. 

“No início da pandemia espalhou-se pelas redes sociais a ideia de se aplaudir à janela todos aqueles que estão na linha da frente no combate ao coronavírus e nós aqui aderimos, mas pouco e pensei que com música seria mais giro”, referiu Ana Margarida que, no dia seguinte, decidiu colocar o hino nacional e a partir daí, todos os dias, à mesma hora, dá música aos vizinhos e não repete uma, até porque tem uma lista das que já passou para que isso não aconteça.

“É incrível. Às vezes faltam 10 minutos para as 22 horas e já vejo as pessoas atrás das cortinas à espera. Há outros que mandam mensagem a dizer: Estamos prontos. Fui buscar outra vez as luzes de natal para enfeitar a varanda e eles têm também uma lanterna ou um foco e é uma animação. Batem palmas, cantam, fazem coreografias… e eu com o meu microfone interajo com eles”. 

O espetáculo é transmitido diariamente em direto no instagram de Ana e há já quem diga que “gostava de ser vizinho dela”. Quem é vizinho no final agradece e despede-se com um “até amanhã”, tal é o hábito. E se há um dia em que Ana falha, refilam. “No domingo de Ramos não pus música por uma questão de respeito pelos mais religiosos e alguns não gostaram”. 

A iniciativa de Ana Margarida Alexandre é, para ela, “gratificante” e veio permitir conhecer quem mora na casa ao lado e uma maior interação que, até então, não existia. “Criei o grupo para haver mais interação entre nós. Quem vive em apartamentos tem aquela rotina de sair de manhã e entrar à noite e ninguém se conhece. Isto tem sido giro porque falamos todos os dias no grupo e já estamos a pensar em combinar um convívio quando esta situação toda acabar”. 

LONGE DA FAMÍLIA

Ana Margarida Alexandre está de quarentena em Chaves, onde vive há vários anos, mas é do Fundão. Está em teletrabalho e a empresa para a qual trabalha, “por enquanto”, ainda não entrou em lay-off. Decidiu não viajar até à terra natal porque “não quis colocar os seus pais em risco” visto serem doentes de risco. “A minha mãe sofre de Parkinson e teve uma doença oncológica, o meu pai é hipertenso. Não quis colocar a saúde deles em causa e até pedi para que ninguém os visitasse durante uns tempos”, referiu Ana. 

Em casa sozinha, apenas com a companhia do seu cão, passa os dias as trabalhar e  só sai para o essencial e passear o Rufi, com quem tem todos os cuidados recomendados. “Passei a sair com ele apenas três vezes por dia, de manhã, à hora do almoço e à noite. Depois, antes de entrar em casa, desinfeto-lhe as patas e a roupa que levo ao passeio coloco-a imediatamente na máquina de lavar”.

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