Um pequeno anfiteatro, uma loja e a disponibilização de material informativo diverso são algumas das valências a integrar no Centro de Acolhimento do Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), um edifício construído de raiz, cuja obra esteve estagnada durante mais de seis anos devido à falta de verbas.
“Na segunda quinzena de Abril esperamos ter o Centro a funcionar e abrir de novo o Jardim à população”, explicou Luís Crespí, director do Herbário do Jardim Botânico da UTAD, referindo que já há mesmo visitas agendadas.
Aberto durante todo o ano para quem quiser apreciar a sua vasta riqueza botânica, o Jardim, cujo perímetro corresponde à Quinta de Prados (Campus Universitário), ‘mostra’ as suas mais de 900 espécies vivas aos visitantes pelo preço simbólico de um euro, isso se requisitarem o apoio de um guia, caso contrário, a visita é, simplesmente, gratuita.
Dar apoio e facilitar a compreensão sobre a riqueza e dimensão do Jardim do Botânico, o maior da Península Ibérica, é o objectivo do Centro de Acolhimento, que também irá alojar o Herbário do Departamento de Engenharia Biológica e Ambiental da UTAD que, “reconhecido internacionalmente pela sigla HVR (Herbário de Vila Real), possui uma colecção de cerca de 20 mil exemplares, distribuídos por 2500 espécies diferentes, procedentes na sua maioria de Trás-os-Montes e da Beira Transmontana e da Península Ibérica. Contudo, muitas outras áreas do planeta estão também representadas, especialmente o Norte de África e Centro-Europa”.
“Queremos que as pessoas conheçam, utilizem e, desse modo, o protejam”, explicou o mesmo responsável, adiantando que no Centro de Acolhimento também existirá uma loja onde serão comercializas espécies protegidas, um trabalho que já tem vindo a ser desenvolvido através da venda, por preços simbólicos de, no máximo, 1,5 euros, de plantas que o Jardim Botânico regenera e produz com o objectivo da sua propagação, garantindo assim a sua manutenção.
Contabilizando que são vendidas entre três e quatro mil plantas por ano, e tendo em conta ainda as receitas das visitas (que no ano passado foram cerca de 600 euros), o Jardim Botânico não pode ambicionar o seu auto-sustento, tendo em conta que, com sete jardineiros, tem gastos mínimos anuais na ordem dos 10 a 15 mil euros, fora as despesas extras de manutenção. “Gerir o jardim é um quebra-cabeças diário”, já que, apesar da UTAD “dar o que pode”, assumindo o pagamento dos salários dos funcionários e algumas despesas, o Jardim não pode contar com outros apoios.
Só no ano passado foram substituídas cerca de 1300 placas de identificação vandalizadas ou degradadas, neste momento ainda falta instalar 200 e ainda há necessidade de mais 2700, que exigirão um investimento de perto de sete mil euros, explicou o director do espaço.
Luís Crespí lamenta que a Câmara Municipal esteja “de costas voltadas” para o Jardim Botânico, o que é de lamentar porque, tendo em conta a filosofia ‘portas abertas’ que defende que as pessoas o conheçam e dele desfrutem, “quem perde é a cidade”.
“Precisamos de apoio para a manutenção e para os acessos”, adiantou o investigador da UTAD, reforçando a ideia de que o objectivo “é ter um Jardim Botânico inteiramente público”.