Os dirigentes associativos das organizações de produtores de raças autóctones transmontanas receberam a visita de um grupo de membros da Assembleia da República que, num périplo pela Região Norte, visitou explorações animais, para ver de perto as problemáticas do sector. A necessidade de criar uma legislação menos apertada para a agricultura de montanha e a aposta na união das associações de produtores, para incentivar a modernização da comercialização foram alguns dos temas discutidos.
“Queremos verificar os problemas em concreto que estão associados à produção das raças autóctones”, explicou Miguel Ginestal, Presidente da Sub-Comissão de Agricultura da Assembleia da República que, no dia 11, esteve reunida, em Vila Real, com seis associações de produtores de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Segundo o mesmo responsável, o “objectivo é visitar um conjunto de explorações de raças autóctones, procurar inteirar os deputados dos problemas em concreto e obter informações relativamente à iminente entrada em vigor do Programa de Desenvolvimento Rural”.
Em Vila Real, a comitiva visitou três explorações, uma de suínos bísaros em Alijó e duas em Vila Pouca de Aguiar, uma de bovinos maroneses e outro de cabras bravias. No entanto, a iniciativa também se estendeu às associações de produtores de Bragança.
Miguel Ginestal explicou que a produção de raças autóctones está numa “fase de transição”, na qual, para além da importância da preservação do efectivo animal, é necessário apostar no desafio da competitividade.
“A competitividade só pode surgir se ganharmos escala, se as associações de criadores e produtores se unirem, para investir na modernização dos processos de transformação e comercialização”, sublinhou o Presidente da Sub-Comissão, realçando que, no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional, será dado especial ênfase a este vector, sublinhando-se a necessidade de “fazer chegar a produção a um maior número de consumidores”.
Virgílio Alves, Presidente da Associação de Produtores da Carne Maronesa, defendeu, exactamente, que “uma das reivindicações dos agricultores, no âmbito do próximo QREN, é o aumento do valor dos prémios de abate realizados através do Agrupamento que conta, actualmente, com 830 produtores certificados. Em 2006, o Agrupamento de produtores de carne maronesa teve um volume de comercialização de 1704 carcaças, um número que cresceu, em 20 por cento, relativamente aos primeiros cinco meses deste ano”, contabilizou o dirigente associativo, revelando que, por cada animal abatido, os produtores recebem um prémio de 86 euros.
Outras das preocupações, avançadas pelos produtores, segundo Virgílio Alves, prende-se com a defesa de uma legislação apropriada à agricultura de montanha.
“A legislação que sai da Assembleia da República não deve ser um obstáculo, mas, sim, um incentivo ao desenvolvimento da Agricultura”, sublinhou o responsável, lamentando a existência de um “quadro legislativo demasiado apertado” e cuja “rigidez”, nomadamente ao nível das questões sanitárias e de licenciamento, “não se adapta à realidade da agricultura de montanha” mas, apenas, às grandes explorações de animais.
Maria Meireles